Ludmilla e Brunna Gonçalves anunciaram no último sábado (9), durante um show da turnê Numanice 3 em São Paulo, que estão à espera do primeiro filho. Em entrevista ao Fantástico, o casal revelou que escolheu um método de reprodução assistida chamado Reception of Oocytes from Partner (Traduzido para o português como Ropa, Recepção de Óvulos da Parceira).
De acordo com Mariângela Badalotti, médica ginecologista e diretora do Centro de Medicina Reprodutiva Fertilitat, a Ropa é um procedimento de fertilização in vitro (FIV) voltado a casais homoafetivos femininos, onde existe o envolvimento biológico das duas mulheres na gestação. Isso porque uma contribui com o óvulo e outra com o útero:
— A fertilização é feita com o óvulo de uma das duas parceiras e o sêmen de um doador. Depois, o embrião é transferido para o útero da outra parceira.
No caso de Ludmilla e Brunna, um óvulo da cantora foi fecundado pelo sêmen de um doador e transferido para o útero da dançarina.
A especialista comenta que esse procedimento é realizado há mais de uma década, mas a nomenclatura é recente. Conforme Daiane Pagliarin, médica da Nilo Frantz - Medicina Reprodutiva, a sigla passou a ser usada com mais frequência a partir de 2019 — antes disso, o mesmo método era chamado de FIV compartilhada.
A única diferença é que, ao invés de transferir o embrião para o útero da mulher que passou pela estimulação ovariana, nós transferimos o embrião para o útero da parceira. Então, as duas acabam tendo uma participação ativa no tratamento
DAIANE PAGLIARIN
Médica da Nilo Frantz - Medicina Reprodutiva
A estimulação ovariana é feita com o uso de hormônios e, após esse processo, os óvulos são coletados e fecundados com espermatozoides. Os embriões gerados ficam em cultivo em uma incubadora por um período de cinco a seis dias. Enquanto isso, a mulher que vai gerar o bebê também precisa ter o útero preparado para receber o embrião quando ele estiver pronto para a transferência.
— Em geral, para que o dia seja o mesmo, essa parceira também é medicada, mas não é feita a mesma estimulação da ovulação. É usado só medicamento para preparar o útero. E aí fazemos uma sincronia desse preparo com o andamento da estimulação. Então, as duas são medicadas, só que uma tem a ovulação estimulada e, a outra, é medicada de uma forma bem mais simples, só para preparar o útero — explica Mariângela.
Daiane acrescenta que, se não for possível sincronizar o ciclo das duas mulheres, os embriões também podem ser congelados até que o endométrio esteja espontaneamente preparado para recebê-los. Segundo a médica da Nilo Frantz, além do sêmen de doador anônimo, é possível que o processo seja feito com um doador conhecido, desde que não ocorra consanguinidade.
— Por exemplo, foram usados óvulos da Ludmilla, então elas poderiam ter optado por utilizar uma doação de sêmen de um familiar da Brunna para o bebê ter o material genético das duas famílias. Isso é permitido no Brasil, mas não poderia ser um familiar da Ludmilla — esclarece Daiane.