Enfermeira que trabalha na linha de frente ao enfrentamento ao coronavírus nos Estados Unidos, a gaúcha Clarissa Lautert, 30 anos, recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer nesta segunda-feira (21). Poucas horas após receber a imunização, Clarissa conversou com o programa Estúdio Gaúcha nesta noite, e afirmou sobre o sentimento de trabalhar em um país com números altos de casos e mortes pela doença e que, agora, inicia o processo de vacinação:
— É difícil explicar o sentimento. Quando você trabalha tão perto de uma pessoa com covid, que está prestes a morrer, é uma emoção forte, porque você fica ligado à ela. Em relação ao início da vacinação, a gente sente que as coisas podem começar a voltar ao normal. Está difícil, mas é preciso ter esperança — resumiu.
A profissional irá receber a segunda dose em 28 dias. Natural de Porto Alegre, Clarissa se mudou para os EUA quando tinha 10 anos, quando os pais decidiram morar no país norte-americano. A gaúcha se formou em Enfermagem em 2012 e começou seu trabalho na área de transplantes e corações mecânicos. Há três meses, decidiu trabalhar em UTI para cuidar de pacientes com covid-19 na cidade onde mora, San Diego, no Estado da Califórnia. Na linha de frente, chega a trabalhar 12 horas por dia no Sharp Memorial Hospital.
— A pior coisa é o risco de passar covid para os meus filhos. Aqui em casa é tudo programado. Eu chego, tiro o sapato, entro e já vou correndo para o chuveiro. Outra coisa muito triste é que as pessoas estão sozinhas no hospital. A família não pode entrar, só profissionais de saúde e quem trabalha na instituição. As pessoas estão morrendo sozinhas
A enfermeira afirmou que, assim como no Brasil, a chegada de datas comemorativas preocupa as equipes de saúde no país, já que muitas pessoas irão se reunir nas noites de Natal e Ano-Novo.
— O problema é que agora todo mundo quer ver a família, se reunir. O pessoal está de saco cheio de ficar em casa, e não quer respeitar o uso da máscara, lavar as mãos. Agora, estamos vendo muita gente doente. O nosso hospital está lotado, já não tem mais ventilador. O Natal está chegando e está dando medo porque a gente não tem mais onde botar os pacientes.
Clarissa também ressaltou que, até agora, há evidências de que vacinas que vem sendo desenvolvidas são seguras, e que a população não deve ter medo de receber as doses.