O Laboratório Central (Lacen) do governo estadual começou, nesta sexta-feira (6), a realizar exames para identificar o coronavírus. A novidade deve agilizar diagnósticos no Rio Grande do Sul, região que é foco de atenção do Ministério da Saúde: aqui, por conta do inverno rigoroso e da alta população de idosos, a gripe costuma afetar mais gente. Não há caso confirmado da doença em território gaúcho.
A novidade não é apenas no Rio Grande do Sul: laboratórios de outros Estados também começarão a analisar amostras de pessoas suspeitas de terem contraído coronavírus. Para isso, o Ministério da Saúde distribuirá 30 mil kits de teste em todas as regiões do país. O equipamento coleta, com uma espécie de cotonete, secreções do nariz e da garganta do paciente. Ao chegar ao laboratório, técnicos analisam a carga viral das moléculas dos fluidos.
As medidas são um esforço do governo federal para descentralizar e agilizar as investigações – até agora, confirmações para a nova doença eram feitas em apenas quatro laboratórios, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pará. No Rio Grande do Sul, os exames eram enviados para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, cujos técnicos treinaram colegas do Lacen gaúcho.
O Lacen analisava, até agora, os sete tipos mais comuns de vírus respiratórios em circulação no Brasil: influenza A e B, três tipos de parainfluenza, adenovírus e vírus sincicial respiratório. Quando nenhum desses vírus aparecia na análise de casos suspeitos para coronavírus, a amostra era enviada para a Fiocruz. A partir de agora, será testada primeiro para coronavírus no Lacen.
A expectativa é de que os resultados dos exames gaúchos demorem menos. Médicos infectologistas afirmam que há, até agora, um "represamento" nas confirmações para coronavírus no Rio Grande do Sul – isto é, muitos casos suspeitos não foram descartados ou confirmados por conta da demora no retorno dos exames.
Dos 153 casos suspeitos até agora avaliados pela Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), apenas 41 foram descartados – 112 seguem em acompanhamento. Em outros Estados do Sudeste, o número de casos descartados é bem maior: o Rio de Janeiro tem 79 suspeitos e descartou 58; São Paulo tem 182 suspeitos e descartou 159. De toda forma, a recomendação é a mesma para quem é suspeito ou confirmado: isolamento domiciliar.
— Recebemos exames oficiais do Ministério da Saúde somente hoje (sexta-feira) de coletas de 26 de fevereiro. Ontem, me surpreendeu a notícia do caso confirmado no Rio de Janeiro, coletado em 2 de março e com resultado confirmado em 5 de março. Mesmo com a distância geográfica, isso não se justifica. A gente vê que o número de casos descartados no Rio Grande do Sul ainda é muito pequeno comparado ao de descartados de Estados como Rio e São Paulo — afirma Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No Brasil, 13 casos de coronavírus foram confirmados em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Já há transmissão local no país, mas especialistas pedem que a população não entre em alarme e mantenha os cuidados de higiene.