
Ainda que o Rio Grande do Sul tenha um número baixo de casos confirmados de coronavírus – até o momento são quatro —, uma parte da população já se mostra bastante ligada nas informações sobre o vírus e como evitá-lo. Medidas como lavagem de mãos e uso de álcool gel estão na ponta da língua quando o assunto é prevenção. A reportagem circulou por alguns pontos de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira (13) para verificar como o avanço da doença tem mudado ou não o comportamento das pessoas.
Na Sociedade Esportiva Recreativa Recanto da Alegria (Soeral), localizada na Redenção, pias e sabonetes são usados com regularidade pelos frequentadores.
— A gente pede para que lavem as mãos toda hora. Eu dou uma jogada de cartas e uma lavada nas mãos — afirma o tesoureiro do local, Luis Damian.
Na última semana, diz Damian, o movimento no espaço foi bem menor do que nas semanas anteriores. Ele acredita que, por ser um ambiente frequentado por idosos, o avanço do coronavírus tenha intimidado o público.
— Este é o local com maior número de idosos por metro quadrado — diverte-se Alcir Argenta, presidente da Soeral.
Sem hábito de dividir chimarrão, a dupla afirma que também não usa o aperto de mãos para se cumprimentar.
— Velho não aperta a mão. Fala “ô”! — ri Damian.

Conversando na Esquina Democrática, Nilson Ronnaü e Ubiratan Salvado se mostraram atentos ao avanço da covid-19: procuram lavar as mãos com frequência e evitam aglomerações.
_ Também é preciso se alimentar bem. Estou aprendendo mais a cada dia _ garante Ronnaü.
Aperto de mãos liberado
Com um aperto de mãos efusivo seguido de um abraço, o encarregado de segurança Antônio Ribeiro cumprimentava o comerciante Juca Almeida em pleno Mercado Público de Porto Alegre. Não demorou muito para o também comerciante Airton Silveira se aproximar e repetir a cena.

— O homem está de aniversário — justificou Ribeiro.
Sem tanta preocupação, Silveira fala que “aperto de mão e abraço não passam” coronavírus, contrariando todas as orientações repassadas à população de evitar contato próximo.
— No presente momento, estamos reforçando a prevenção. Evitar contatos desnecessários, cumprimentos, o chimarrão, manter as mãos lavadas, a etiqueta respiratória. Reforço ao cidadão, não se trata apenas de preservar a sua própria vida. É o respeito pelas pessoas que estão em nossa volta — disse, ao Gaúcha Atualidade desta sexta, o governador gaúcho, Eduardo Leite.
O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital São Lucas da PUCRS, Fabiano Ramos, acredita que os porto-alegrenses ainda não estão pensando muito na prevenção pelo fato de a cidade ainda não ter tido muitos casos da doença e nenhuma transmissão local do vírus.
— Temos uma cultura que é do aperto de mão, do abraço e do beijo. Mas recomendamos evitar esse contato próximo e o compartilhamento de objetos como bomba de chimarrão e garrafa de água. O ideal é que cada um tenha o seu. Precisamos reforçar que a transmissão é por contato e acontece por secreção e, principalmente, pelas mãos. O uso do álcool gel e higienização das mãos com água e sabão é a melhor forma de prevenção – afirma o médico.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins:
Nesta sexta-feira (13), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lançou, no Twitter, um desafio chamado "mãos seguras". "Há muitas medidas que você pode tomar para se proteger da covid-19. Uma das mais importantes é a uma higiene regular e segura das mãos. Aqui, os passos recomendados pela OMS".
No começo de março, o ministro do Interior alemão recusou-se a cumprimentar a chanceler Angela Merkel: quando a dirigente estendeu a mão para Horst Seehofer no início de uma conferência sobre imigração, o ministro recusou com um gesto, sorrindo.
Na China, epicentro do coronavírus, placas pedem que as pessoas não apertem as mãos. No Irã, que também registrou um número elevado de casos confirmados, o lema "Não aperto sua mão porque te amo" tem sido amplamente disseminado.