Cerca de 200 voluntários entre mães, pais e profissionais da saúde acompanharam, na manhã ensolarada desta quarta-feira (15), a segunda edição da Caminhada da Prematuridade RS, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. A iniciativa, capitaneada pela organização não-governamental Prematuridade.com, pretende trazer conscientização para a causa, num país onde 11,5 % dos nascimentos são prematuros, de acordo com pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), de 2016.
Em busca de tornar o mês de Novembro o oficial da campanha, os voluntários escolheram o roxo como cor representante e a Redenção como ponto de encontro para a Caminhada simbólica, que percorreu o espelho d'água pouco depois das 10h. Entre vários bebês pequeninos fugindo do sol forte, Klaus Vieira Fauth, de um ano e um mês, era "famoso" na multidão entre médicos e outras famílias com prematuros.
— Dizemos que ele tem um ano e um mês cronológicos, que é contando de quando ele nasceu, ou nove meses corrigidos. Se ele tivesse completado a gestação certinho, seriam nove meses de vida — conta a mãe Maressa Vieira Fauth, 32 anos, dona de casa orgulhosa do filho. Por lá, eles comemoram dois aniversários: o de nascimento, que foi em outubro, e o "corrigido", que será em janeiro.
A contagem da idade ser diferente é apenas uma das particularidades que as famílias com prematuros enfrentam em decorrência do nascimento antes do desenvolvimento completo da criança na gestação.
No caso de Klaus, ("O vitorioso", de acordo com a família), até o nome foi escolhido diretamente para simbolizar a luta do menino, nascido de 22 semanas no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Durante os cinco meses e meio em que ficou internado na mesma instituição, foram quatro cirurgias para lhe garantir uma vida saudável. Pais também de Manuella, de 11 anos, o gerente de produção Genaro Fauth e a dona de casa Maressa Vieira Fauth comemoram a saúde do filho.
— A gente não tinha noção de como prematuro nasce, as dificuldades que enfrenta, mas hoje a gente tá aqui com o Klaus, o único problema de saúde que ele tem é miopia, em função de uma cirurgia nos olhos — observa a mãe, Maressa.
Doação de leite materno
Um dos pontos mais importantes da campanha este ano é a doação de leite materno, que pode beneficiar vários bebês que nasceram prematuros e as mães ainda não produziram leite. Em Porto Alegre, os hospitais Presidente Vargas (Avenida Independência, 661), Santa Casa (Rua Professor Annes Dias, 295), Fêmina (Rua Mostardeiro, 15) e São Lucas da PUCRS (Avenida Ipiranga, 6690) recebem doações, mas cada um tem suas particularidades quanto à retirada, então é necessário verificar com antecedência.
- Os bancos normalmente até buscam o leite em casa. Isso pode mudar o destino de muitos bebês prematuros - lembra a diretora da Prematuridade.com, Denise Suguitani.
Os partos múltiplos (de gêmeos ou mais), de mães hipertensas ou diabéticas são os mais propensos a serem prematuros, de acordo com a chefe do serviço de neonatologia do Hospital Moinhos de Vento, Desirée de Freitas Valle Volkmer. Para evitar o nascimento antes da formação completa, é importante o acompanhamento médico da gestante.
- Normalmente, o limite é 23 semanas. Nascimentos a partir dessa fase da gestação já são considerados prematuros. Para que isso não aconteça, é importante que as mães tenham boa alimentação, evitem bebidas e drogas, mantenham a vida normal, mas com cuidados. É importante também que os pais sejam bem orientados pela equipe médica, caso aconteça. Hoje, a gente tem muito mais expertise, com a família junto e a equipe médica adequada, ajudamos da melhor maneira — afirma a pediatra.
Para as famílias que passam por esse momento delicado, a recomendação dos pais do Klaus e da pediatra Desirée é manter a proximidade com o bebê, mesmo com a internação. Estar perto ajuda tanto novos pais quanto bebês a conviverem e conhecerem um ao outro, mesmo que pela incubadora.
— Acredite na equipe médica, tenha muita fé e converse bastante com o bebê — aconselha o pai, Genaro.
— Eles têm muito mais força do que a gente imaginava para sobreviver dessa — afirma a mãe, Maressa.