Em fevereiro de 1808, nascia a primeira escola de Medicina no Brasil. Localizada em Salvador, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, abriu as portas para que outras universidades ao redor do país seguissem o mesmo exemplo e ampliassem a sua rede de ensino. A partir disso, estados em todo o país começaram a ofertar mais vagas e formar novos profissionais. Até 2021, mais de 520 mil médicos já estavam formados, segundo o relatório A profissão e a formação médica no Brasil do Ministério da Saúde.
Desde então, a carreira tem sido almejada e concorrida por pessoas que decidem cuidar da saúde da população. Um reflexo disso, é que nos últimos 100 anos, o número de médicos no país aumentou proporcionalmente cinco vezes mais que o número de habitantes, conforme indica o levantamento do Ministério da Saúde. O estudo revela que, em 1920, existiam 14.031 médicos no Brasil e, um século depois, o número de profissionais chegou a ser 35,5 vezes maior.
E os números não param de crescer: em outubro deste ano o Ministério da Educação (MEC) autorizou a abertura de 1,8 mil novas vagas judicializadas. Este aumento tem colocado em evidência o ensino da medicina em todo o país. No Rio Grande do Sul, o Cremers em parceria com a Zero Hora, realizou o segundo Zero Hora Talks para discutir a aceleração de médicos formados e a importância da qualificação no ensino da medicina no Estado.
O encontro que levantou os principais desafios a serem enfrentados para a qualificação do ensino, também apresentou algumas soluções práticas e segue reverberando. Em entrevista, o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, levanta os principais motivos pelos quais o Conselho questiona a abertura de novas vagas no ensino médico; a qualidade da formação destes profissionais e o que a população gaúcha pode esperar deste novo cenário.
Como o Cremers enxerga o aumento no número de profissionais da medicina?
A pura e simples formação de médicos, como uma linha de montagem para simplesmente distribuir profissionais, não contribui para melhorar os indicadores de saúde e a assistência à população. Ter médicos em excesso não gera benefícios; o que precisamos são médicos bem formados, com a capacidade de resolver a demanda existente.
Precisamos vencer o mito de que mais médicos significam melhor atendimento. O que precisamos é de uma formação médica de excelência, com estrutura adequada para o ensino prático e teórico.
O Cremers possui iniciativas ou parcerias para garantir uma educação médica de qualidade?
Nosso objetivo é estabelecer critérios mínimos para formar médicos de excelência. Um profissional nota seis pode cometer equívocos fatais. Queremos assegurar que todas as faculdades de medicina sigam esses critérios e garantam uma educação de alta qualidade.
Além disso, é necessário limitar o número de vagas em algumas instituições de ensino que não possuem a estrutura necessária para formar bons profissionais. Algumas faculdades não têm condições de manter seus cursos abertos. Isso resulta na formação de médicos mal preparados, o que afeta diretamente na qualidade do atendimento à população.
Quais são os principais desafios na formação de novos médicos?
Um dos grandes desafios será a incorporação de novas tecnologias pelos profissionais de saúde, sem perder a empatia no atendimento. A medicina está em constante evolução, e é fundamental que os médicos se mantenham atualizados para proporcionar o melhor tratamento aos pacientes.
Não adianta ser o melhor amigo do paciente se o problema de saúde não for resolvido. O médico precisa estar atento não apenas à saúde da pessoa, mas também ao ambiente em que ela está inserida, considerando que ela está submetida a uma carga maior de estresse.
No último evento do ano, de Zero Hora Talks, especialistas da área irão debater as soluções para as problemáticas levantadas. O encontro que acontecerá no início de dezembro, servirá para que a entidade firme um pacto para o futuro da saúde no Rio Grande do Sul até 2035.
Veja abaixo a data do próximo evento e como participar:
Zero Hora Talks: Desafios e caminhos para a saúde do RS até 2035
3 de dezembro, às 14h
Local: CREMERS, Auditório
Rua Bernardo Pires, n° 415/2° andar, Bairro Santana - Porto Alegre/RS
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