Objetos espaciais, vasos de concreto ou obras de arte. Essas foram algumas das hipóteses levantadas pelas pessoas ouvidas pela reportagem sobre o que seriam as misteriosas "pedras" arredondadas que vêm surgindo em parques e praças de Porto Alegre na última semana.
Apesar das especulações, o diretor de Áreas Verdes da prefeitura de Porto Alegre, Alex Souza, encerrou o mistério explicando que as estruturas são, na verdade, bancos. De acordo com ele, os equipamentos integram uma série de melhorias que vêm sendo implementadas nas áreas urbanas da Capital por meio de licitação.
As peças são produzidas em concreto e resina, materiais que são mais resistentes aos efeitos do sol e chuva. Conhecidos como “stones”, os 41 novos bancos foram instalados em sete pontos da Capital.
Segundo o diretor de Áreas Verdes, cada banco custa em média R$ 3 mil e pesa 1.183kg. Os primeiros “stones” foram instalados em 4 de dezembro no Largo dos Açorianos. Souza explica que a instalação foi uma forma de valorizar os espaços a céu aberto da cidade com materiais exclusivos com maior durabilidade.
— A ideia é qualificar o espaço urbano através de materiais mais resistentes com design diferenciado para oferecer mais conforto e qualidade à população. No edital, solicitamos que viesse algum banco diferenciado com determinadas características e nos foi apresentado esse stone — pontua.
Além dos stones, a prefeitura também instalou bancos de outros modelos e 25 lixeiras de corpo cilíndrico metálicas em outros pontos da Capital. Na Praça Marquesa de Sevigné, foram instaladas lixeiras de concreto, que devem ser instaladas, também, em outros locais.
Design italiano
A empresa vencedora da licitação foi a Metalco, que produziu os bancos em Flores da Cunha, na Serra. Fabio Massochini, CEO da The Placemakers do Brasil, grupo proprietário da Marca Metalco, explica que os bancos foram originalmente projetados pela designer italiana Raffaele Lazzari e, posteriormente, trazidos ao Brasil.
A empresa, que já está há 40 anos no mercado, tem fábrica na Serra há 10 anos. O CEO comenta que os “stones” são fabricados no Brasil em concreto de alta performance, com a mesma tecnologia usada na Itália.
— São produtos de alta resistência, inclusive pensando em alagamentos, com baixíssimo custo de manutenção, design inovador e buscam atingir o nosso propósito, que é transformar espaços em lugares com vida, devolvendo o espaço às pessoas e promovendo a integração e interação social — diz Massochini.
Redescobrindo espaços
Enquanto caminhava pelo trecho 1 da Orla, a escritora Simone Dalmolin, 41 anos, deparou-se com as três stones instaladas próximo ao monumento em homenagem a Elis Regina. Ela disse que não fazia ideia do que se tratava e deixou a imaginação fluir.
— Me lembrou objetos voadores. Uma coisa espacial que, do nada, está ali e vai brotar, daqui a pouco vai voar ou umas pedras camufladas que são, na verdade, discos voadores — brincou.
Simone disse que pretendia experimentar o banco em algum momento. Enquanto ela conversava com a reportagem, um homem que passava pelo local parou em frente a um dos bancos, observou por um instante, deu pequenos socos para entender a textura e depois sentou-se.
Em outro ponto da cidade, a aposentada Margarete de Oliveira, 68, moradora do Centro Histórico, levava o seu companheiro de caminhadas, o Dachshund (Salsicha) Fred, para passear, na manhã desta sexta-feira (13), quando percebeu a presença das formações arredondadas sobre a grama do Largo dos Açorianos, aonde vai todas as manhãs.
— De longe, parecia um vaso de flor. Aí cheguei próximo e vi que era fechado, digo: “agora eu vou tocar pra ver se é plástico, se é pedra, e se isso é banco, ou se isso é enfeite”. Ainda não consegui definir o que é — comentou.
Ao descobrir que se tratava de um banco, Margarete decidiu deixar sua cadeira de praia de lado e sentou-se na stone para testar. A aposentada aprovou a mobília e desejou que as pessoas ajudem a preservar o equipamento.