A obra de arte construída em homenagem aos voluntários que atuaram durante a enchente de maio no Rio Grande do Sul foi inaugurada, na manhã desta quarta-feira (11), na orla do Guaíba.
Inicialmente a obra estava prevista para ser instalada na Praça Revolução Farroupilha, situada entre o Muro da Mauá e o Mercado Público. No entanto, acabou sendo colocada na Orla, ponto de desembarque para as vítimas resgatadas na Região das Ilhas, Guaíba e Eldorado do Sul.
Em formato de embarcação náutica, a escultura foi produzida pelo artista plástico Ricardo Cardoso junto à Merigo Estruturas Metálicas. A peça foi batizada de Heróis Voluntários.
A solenidade de inauguração reuniu dezenas de pessoas, incluindo voluntários e autoridades, na lateral da Usina do Gasômetro, onde o monumento foi instalado.
O prefeito Sebastião Melo esteve no evento e celebrou a inauguração da obra, agradecendo o apoio de todos os voluntários que auxiliaram nos resgates e atendimentos de pessoas e animais durante as cheias:
— Teve a maior desorganização, que se tornou a maior organização que eu já vi, porque a pessoa descia (do barco), já tinha um voluntário esperando com uma toalha. Ele era conduzido, recebia água, alimentação e era levado para o abrigo. Feliz de um país, de uma cidade, de um Estado que tem mais voluntariado que governo, porque isso mostra a força. Sem voluntariado, não há vida boa — ressalta Melo.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, também destacou a importância da participação comunitária. Ele ressaltou que o trabalho voluntário fortalece os laços entre as pessoas, ajudando-as a superar suas diferenças:
— O povo mostrou a união pelos mais nobres valores, mostrou a solidariedade de norte a sul, nos estendeu as mãos. Pessoas anônimas, pessoas comuns se jogando na água em barcos, arriscando a vida para salvar desconhecidos. Isso para nós foi muito marcante e nós jamais esqueceremos, sempre seremos gratos por esse momento — comenta o presidente.
Voluntariado
Membro do grupo Velejadores Solidários, o jornalista aposentado Jaime dos Santos Raymundo, 65 anos, participou ativamente nos resgates durante a enchente deste ano e também na enchente de setembro de 2023. O grupo auxiliou tanto nos resgates quanto no preparo de alimentos para as vítimas que chegavam à Orla.
— Eu tenho certeza de que cada um de nós, principalmente o pessoal que participou dos resgates, quando olha uma escultura dessas, vem à mente muito daquilo que a gente vivenciou. Eu, pela primeira vez, depois dos meus 10 anos de idade, reaprendi a chorar — diz o voluntário, que mora na Vila Conceição, em Porto Alegre.
Presidente da Associação dos Empresários do Quarto Distrito, que surgiu durante a enchente, Arlei Romero foi um dos voluntários que auxiliou nos resgates realizados na zona norte da Capital. Ele lembra que seu grupo retirou 389 pessoas das águas, somente no Quarto Distrito:
— A gente fez o trabalho de abastecer essas pessoas que ficaram nas suas casas e não quiseram sair e seguimos tirando as pessoas que queriam sair. É muito importante esse momento agora, esse reconhecimento para as pessoas — celebra o voluntário.
A escultura
A escultura de aço tem seis metros de comprimento, dois metros de largura e 4m50cm de altura. Como está instalada em cima de uma base em concreto, a altura máxima chega aos seis metros. A peça pesa 3,5 toneladas.
A representação exibe um barco com a inscrição "Fraternidade", onde pessoas e animais estão sendo resgatados.
A iniciativa da obra partiu da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) e da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA). Trata-se de um agradecimento aos brasileiros e uma forma de homenagear os heróis voluntários anônimos durante a pior tragédia climática do Estado.