A alegria de ver o nível do Guaíba baixando gradativamente pode acabar nas próximas horas. Com previsão de chuva no Rio Grande do Sul a partir desta sexta-feira (10), são altas as chances de o lago que inunda Porto Alegre voltar a subir, o que é chamado de repique, ou seja, uma nova elevação provocada por um fenômeno adverso.
Requisitados por conta da histórica enchente que afeta o Estado, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) elaboraram um hidrograma para os próximos nove dias com base em dois modelos avançados. Um europeu, mais pessimista, e o outro americano, mais otimista.
O primeiro prevê que o Guaíba pode voltar a aproximadamente 5m35cm, o pico atingido no domingo passado (5), caso a chuva dos próximos dias se concentre nas bacias ao norte, que envolvem Rio Taquari, Rio Gravataí, Rio dos Sinos e Rio Caí, que alimentam o lago que é cartão-postal dos gaúchos.
O cenário piora caso haja vento sul batendo em direção ao Guaíba e dificultando que a água desça para a Lagoa dos Patos.
O segundo cenário estima que, se o aguaceiro cair mais ao sul do Guaíba, haverá nova elevação do nível das águas, porém mais baixa.
— Esse modelo americano está dizendo que haverá uma chuva em cima da Região Metropolitana. Como ela não será tão forte em cima das bacias que alimentam o Guaíba, não causa um novo pico tão alto, ou seja, o repique é menor. Pode, sim, causar estragos, porque pode alagar algumas áreas da cidade, mas não haverá um aumento tão grande do nível do Guaíba — afirma Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS.
Embora seja difícil prever quando o Guaíba voltará a ficar abaixo da cota de inundação, que é de 3m, Fan garante que isso não vai acontecer nos próximos 10 dias.
— Mesmo que não chova, não ficaremos abaixo desses 3m — reforça.
Às 12h, as previsões foram atualizadas, reafirmando o cenário.
"Caso vento sul forte se confirme, pode causar elevação adicional podendo ser maior que 20 cm. Caso as chuvas volumosas não se confirmem, tendência de redução gradual atingindo a marca de 4 m na próxima semana".