Uma palestra alertando que comerciantes do Pop Center, no Centro de Porto Alegre, tomem cuidado para não acabarem envolvidos em esquemas de receptação de celulares e eletrônicos furtados ou roubados reuniu 16 lojistas na tarde desta quarta-feira (23) no complexo comercial. Eles ouviam atentamente o secretário adjunto da Secretaria Municipal de Segurança (SMSeg), Luís Zottis, sobre os detalhes que podem colocar trabalhadores e empreendedores na rota do crime, ainda que não saibam que estão comprando ou vendendo itens frutos de delitos.
— Assistências técnicas precisam ter cuidados para tirar de si a responsabilidade de estar trabalhando em um celular que não se sabe de onde veio. É preciso ter um número de RG ou CPF, além do nome da pessoa que se disse dona do aparelho e contratou o serviço de vocês — indicou Zottis aos comerciantes.
O secretário adjunto reconhece que o comércio ilegal acontece em diversos bairros e até mesmo capitais de países com economia e sistemas de segurança mais consolidados, mas apela para que os próprios empreendedores sejam agentes do desenvolvimento do local onde trabalham. Para isso, processos de cadastro de clientes e checagem da procedência dos aparelhos são compartilhados entre os comerciantes. A ideia é que cada loja seja uma fiscalizadora do comércio regularizado.
— É um crime difícil de combater na rua, aqui dentro é mais fácil, pois são organizados e querem que o ambiente melhore para todo mundo. Temos de mudar a cultura da região onde está o Centro Pop, pois aqui não entra celular ilícito. Precisamos cuidar uns dos outros. Se conhecem o pessoal das ruas, não comprem deles, pois sabem que vem sem nota e sem garantia de estar livre deste crime — complementou.
Em março houve a primeira conversa da Secretaria Municipal de Segurança de Porto Alegre com teor preventivo, um mês depois de uma fiscalização encontrar aparelhos sem procedência. Antes disso, a própria diretoria do Pop Center mantinha treinamentos.
Nos últimos seis meses, segundo a gerente de projetos do Pop Center, Lessandra Fraga, não aconteceram novas apreensões nas operações que buscavam celulares roubados ou furtados entre os comercializados no local.
— Nosso objetivo é nunca mais ter operações aqui dentro, para que suma o estigma de que o Pop Center tem celular roubado dentro. Parabéns para vocês que estão atentos e vieram aqui para manter o cuidado. Todo este trabalho é para melhorar a nossa imagem de empresários de sucesso em um centro comercial popular, um formato em que somos referência — afirma Lessandra.
Ações nas ruas do Centro
Em julho, uma ação do 9º Batalhão de Polícia Militar de Porto Alegre apreendeu 241 celulares, 20 tablets, dois notebooks, sete relógios, uma televisão de 50 polegadas e mais de 500 acessórios para smartphones, como películas e capas de proteção, todos sem procedência esclarecida, em lojas e ruas do Centro Histórico.
Um mês antes, a 4ª edição da Operação Mobile Integrada mobilizou 400 servidores da Brigada Militar, Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar e do Instituto-Geral de Perícias em 23 cidades do Estado. Na ocasião, foram executados 24 mandados de busca e apreensão e inspecionados 139 locais, com 59 autuações. A operação resultou na apreensão de 43 celulares e 14 prisões em todo o Estado.
— Tenho carreira na Polícia Civil. Sei que muita tragédia é causada por roubo de celular. Além do carro, (o celular) é o item mais cobiçado por eles (criminosos) — aponta Zottis.
— Estamos apertando o cerco e os ambulantes que seguem nas ruas do Centro virão aqui para dentro (Pop Center) em algum momento — projeta Zottis.