Desde a última segunda-feira (15), pessoas que passam pelo cruzamento das ruas General João Telles e Irmão José Otão, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, deparam com um prédio de esquina com as portas totalmente fechadas. As sócias da rede de padarias Mercopan decidiram encerrar a operação da unidade no bairro na última semana. O local, que não estava operando aos domingos, funcionou pela última vez no sábado (13). A companhia segue com outros dois pontos, a matriz no bairro Petrópolis e uma unidade dentro de um supermercado.
Se apresentando como uma “padaria com sabor do Uruguai em Porto Alegre”, a Mercopan é famosa por oferecer uma série de delícias gastronômicas, como as tradicionais medialunas.
A administradora de empresas Alessandra Spanamberg Leite, 46 anos, uma das sócias da empresa, afirma que a decisão pelo encerramento ocorre em razão dos efeitos da pandemia de coronavírus, que altera a rotina dos brasileiros há cerca de um ano. Com a diminuição do fluxo de seus principais clientes no bairro, as empresárias estavam com dificuldades de equilibrar as contas e a permanência da loja no bairro Bom Fim se tornou insustentável.
— A gente aguentou um ano nessa pandemia. Ali é um aluguel alto por nós. Antigamente, era um aluguel que estava dentro do previsto, então, a gente matava no peito. Agora, ficou impossível. Ali meus clientes eram principalmente idosos e estudantes. E agora eles não estão mais indo — explica Alessandra.
A unidade do bairro Bom Fim funcionava desde 2014 — ano em que Alessandra e a sócia compraram a operação da marca em Porto Alegre. A unidade em supermercado no bairro Petrópolis opera desde 2020.
A administradora de empresas afirma que ela e a sócia planejavam expansão da marca neste ano, com a inauguração de outras lojas menores. Em razão da continuidade dos efeitos da crise sanitária neste ano, esse plano foi revisto, segundo a empresária:
— Agora, a ideia é diminuir o tamanho da operação até saber o que que acontece. A gente refez o plano de negócios. Colocamos a expansão na gaveta. Vamos investir mais nessa loja (matriz), que é uma loja forte para nós, e manter a pequena que temos dentro do Nacional.
A sócia disse que a decisão de encerrar as atividades da loja foi difícil, mas que a emoção teve de ser deixada de lado em razão da responsabilidade da empresa com os colaboradores e com a marca.
Para nós, foi péssimo. Quando a gente decidiu, em três dias, executou o encerramento. A gente vinha enrolando, porque não é uma coisa que o empreendedor quer fazer, né?
ALESSANDRA SPANAMBERG LEITE
Sócia do Mercopan
— Para nós, foi péssimo. Quando a gente decidiu, em três dias, executou o encerramento. A gente vinha enrolando, porque não é uma coisa que o empreendedor quer fazer, né? Diminuir. A gente queria aumentar, crescer, mais empregos, mais endereços. Mas a gente tem de ter uma frieza. Tenho empregados, preciso zelar por eles, e tenho uma marca que preciso cuidar — afirma Alessandra.
Alessandra não descarta um futuro retorno da padaria ao Bom Fim, mas ressalta que isso dependerá do cenário deixado pela pandemia.
Diante das restrições impostas pela bandeira preta no Estado, neste momento, a Mercopan segue atuando por meio de telentrega e pague e leve. O contato pode ser feito por meio do Instagram e WhatsApp da empresa.
História
A história da Mercopan Pães e Doces começou em 1991, com a inauguração da primeira loja na cidade uruguaia de Salto. Naquele mesmo ano, foi assinado o tratado Mercosul, fato o que inspirou o nome da padaria. Dez anos mais tarde, em 2001, um dos quatro sócios, abriu a segunda unidade da padaria no Uruguai, em Artigas.
Um casal de gaúchos amigos da família fundadora criou sociedade para abrir uma unidade da padaria em Porto Alegre. Em 1° de julho de 2008, foi inaugurada a primeira unidade da Mercopan na Capital. Em 2014, a sociedade foi rompida e a operação foi vendida para Alessandra e sua sócia. Nesse mesmo ano, as duas expandiram o negócio, fundando a unidade do bairro Bom Fim. Alessandra divide a sociedade do negócio com a publicitária Victoria Leite de Oliveira, 28 anos.