
A votação na Câmara Municipal do projeto que autoriza a circulação de ônibus na Capital sem cobradores em determinados horários ficou para a próxima semana. Sem o apoio necessário para a aprovação, a análise, prevista para esta quarta-feira (11), foi retirada de pauta. Para tornar o texto mais palatável, a base aliada do governo admite alterar alguns pontos, após forte resistência de rodoviários e da oposição.
Pelo projeto, as linhas que circulam entre as 22h e às 4h em dias úteis, além do período integral em feriados e em dias de passe livre, contariam apenas com motoristas. A redução no número de cobradores seria gradual, embora não haja projeção sobre quantos profissionais seriam demitidos, nem o prazo para que isso ocorresse. A matéria cita, apenas, os tipos de desligamentos em que as companhias não precisariam repor trabalhadores.
Outro ponto que gera dúvidas é a forma de pagamento da passagem. A previsão é de que, sem cobradores, a cobrança seja apenas de forma eletrônica, sem a circulação de dinheiro.
— Estamos dialogando com os vereadores e algumas questões vamos resolver através de emendas. Vamos explicar aos indecisos o que significa cada artigo, alterar o que for preciso — comenta líder do governo na Câmara, Mauro Pinheiro (Rede).
Levantamento de GaúchaZH mostra que, entre os 36 vereadores, 16 são contrários à proposta, enquanto apenas seis se dizem favoráveis. Outros 11 estão indecisos, embora a prefeitura acredite que os parlamentares evitaram se posicionar para não se indispor com os rodoviários, mas conta com esses votos. Os demais não foram localizados pela reportagem.
Líder da oposição, Roberto Robaina (PSOL) afirma que não há possibilidade de votar a favor do texto, mesmo que a prefeitura suavize as alterações.
— Temos uma situação de desemprego estrutural, mais de 500 mil desempregados no Rio Grande do Sul, Porto Alegre tem que dar o exemplo para combater uma economia de recessão — pontua.
Robaina ainda defende a redução da taxa de lucro das empresas, hoje em 7%, para baixar o valor da passagem.

Impacto
Segundo prefeitura, o objetivo da proposta é reduzir custos, com impacto estimado na tarifa de R$ 0,05 por ano. Atualmente, quase metade do valor da passagem (49%) serve para o pagamento de pessoal, conforme dados da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP). Os outros 51% dos R$ 4,70 se dividem entre o lucro dos empresários, a manutenção e renovação da frota, as despesas variáveis, despesas administrativas e tributos.