Uma moradora do Bairro Santo Antônio, em Porto Alegre, acumula objetos e lixo em seu apartamento a ponto de não ser possível abrir a porta do imóvel. Na segunda-feira, um oficial de justiça e dois policiais militares foram até sua casa para encaminhá-la a exames psiquiátricos.
Revoltados, vizinhos procuraram o Mistério Público há três anos, pedindo soluções ao problema que atinge outros apartamentos.
Foto: Jeniffer Gularte/Agência RBS
A quantidade de entulho é tanta, que ratos e o mau cheiro se proliferam para os imóveis vizinhos. Um processo foi movido pela 10º Promotoria de Família e Sucessões pedindo sua internação compulsória. Ontem, ela fez os exames e retornou para casa.
Foto: Jeniffer Gularte/Agência RBS
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Os moradores temem que o excesso de entulho termine em tragédia, já que a acumuladora é fumante. Segundo o síndico do prédio, a mulher perambula pela cidade em busca de mais objetos.
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- No verão, é insuportável o cheiro que se sente até dentro da casa da gente - comenta outra vizinha.
Foto: Jeniffer Gularte/Agência RBS
Por ser propriedade privada, DMLU diz que não pode fazer nada
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana informou ao DG que, para casos de pessoas que acumulam lixo em casas e apartamentos, a legislação impede que o órgão proceda a limpeza de locais ocupados.
Para edifícios, há os regramentos internos do condomínio, que pode solicitar intervenção judicial. Caso a Justiça solicite apoio do DMLU, o mesmo intercede. Porém, estes casos são raros.
Para casas com terrenos, caso os fiscais enxerguem o acúmulo de resíduos, é possível solicitar à Vigilância em Saúde parecer da situação após fiscalização. Se comprovado risco iminente à saúde pública, é possível obter autorização judicial para limpar a área.
O departamento alerta ainda que o acúmulo de lixo traz inúmeros riscos, como a proliferação de insetos e a propensão ao desenvolvimento de doenças.
Foto: Reprodução
O que você precisa saber sobre o transtorno de acumulação
- Normalmente, o acumulador sofre de um subtipo de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
- Muitos pacientes precisam guardar objetos por medo de esquecer e por valor emocional. "Essa pessoa precisa de ajuda especializada, é preciso analisar caso a caso, pois ela pode estar colocando em risco a si e a outras pessoas."
- A doença é identificada pela análise do prejuízo, intensidade e frequência dos acúmulos. Se a pessoa causa prejuízos a si e a outros e não consegue jogar fora os objetivos, é preciso procurar um médico.
- Embora possa ter causa múltiplas, o transtorno de acumulação tem relação direta com a depressão. O paciente não consegue se desprender por medo de ficar sem o que comer e o que usar.
- Familiares e amigos de acumuladores precisam procurar profissionais especializados ou Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Fonte: professora do Programa de Pós-Graduação da Psicologia da Unisinos Ilana Andretta
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