O governador Eduardo Leite avaliou, nesta quarta-feira (5), que um trecho do Hino do Rio Grande do Sul ofende parte da população gaúcha. O governador se referia aos versos “povo que não tem virtude acaba por ser escravo” — criticados por parte da população gaúcha, que considera o trecho racista.
Na mesma resposta, o governador destacou que o debate sobre o conteúdo do hino cabe à Assembleia Legislativa, mas defendeu que os deputados se debrucem sobre outros temas que impactam diretamente a população.
— O Hino (Rio-grandense) tem um trecho que machuca uma parte da população gaúcha. Tem que ser observado, feito esse debate no âmbito do Parlamento. Mas não estão nem fazendo o debate do hino ainda, na verdade. Estão fazendo o debate sobre como é que faz para alterar o hino. Eu espero que a gente supere logo esse momento e possa debater temas que tenham um impacto mais direto na vida das pessoas — disse Leite, ao fim de um evento na Federasul, em Porto Alegre.
Atualmente, não há qualquer proposta de alteração do Hino Rio-grandense na Assembleia Legislativa. Por outro lado, há duas propostas que estão na pauta de votações que têm objetivo de dificultar eventuais tentativas de mudança no hino. Uma das propostas está em debate há duas semanas, trancando a votação dos demais projetos.
Ao tratar sobre o tema, o governador também disse acreditar que as propostas envolvendo o hino não refletem os debates presentes na sociedade gaúcha.
— Eu, honestamente, não estou vendo a sociedade com esse debate (sobre o hino do RS). Parece ser a tentativa de criar uma bandeira para uma ideologia ou para outra, quando, na verdade, as pessoas estão preocupadas justamente com a geração de emprego, como é que a gente melhora a vida nas comunidades — disse Leite.
Entenda o debate na Assembleia
Há duas semanas, o plenário da Assembleia Legislativa está envolvido com a negociação política de duas propostas que têm o mesmo objetivo: dificultar eventuais tentativas de mudar o hino.
A primeira proposta em análise pelo plenário é de autoria do deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) e mais 19 parlamentares. A proposta pretende incluir uma emenda na Constituição do Rio Grande do Sul prevendo a defesa dos símbolos oficiais do Estado. O texto original dessa Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevê a imutabilidade dos símbolos oficiais do Rio Grande do Sul – o hino, a bandeira e o brasão.
Também está pronto para ser votado em plenário o projeto de lei do deputado Luiz Marenco (PDT). O projeto prevê que eventuais tentativas de alterar os símbolos oficiais do Estado passem, antes, por um referendo popular. Neste caso, a população seria chamada a opinar sobre a proposta, em formato semelhante a uma eleição, podendo rejeitar ou ratificar o projeto por maioria.