A Polícia Federal prendeu na tarde desta quarta-feira (31), em São Paulo, o doleiro Dario Messer, que estava foragido desde o ano passado. Messer, que é réu na Justiça Federal na Operação Câmbio, Desligo, foi detido no bairro Jardins, na zona oeste de São Paulo, de acordo com a Polícia Federal.
Alvo de investigações desde a década passada, ainda no caso Banestado, ele ganhou o apelido de "doleiro dos doleiros". Foi delatado na Lava-Jato do Rio de Janeiro pela dupla Vinicius Claret e Cláudio Barboza, que foi detida no Uruguai em 2017 e mais tarde se tornou colaboradora da Justiça.
Ele vinha negociando se entregar às autoridades do país e era procurado também no Paraguai, país onde chegou a ter nacionalidade.
No último dia 9, a PF deflagrou operação no Rio baseada na delação de familiares de Messer. Dois suspeitos foram alvos de mandados de prisão.
Segundo o Ministério Público Federal do Rio, a ex-mulher de Messer, Rosane, e os filhos Dan, Débora e Denise colaboraram com a Justiça. A ex-funcionária de Messer Elsa Filomena Fernandes dos Santos também colaborou, explicando como ocorria a entrega de dinheiro a suspeitos de integrar o esquema. Nessa mesma época, o doleiro trocou de advogados.
Dario Messer é acusado de coordenar um megaesquema de lavagem de dinheiro, com o uso de processos sofisticados como contas de distribuição dos recursos e mais de 400 clientes, incluindo o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, preso pela Lava-Jato desde 2016.
Os familiares se comprometeram a devolver R$ 270 milhões em dinheiro vivo e o restante em bens.
A Operação Câmbio, Desligo, na qual ele foi o principal alvo, é até hoje a maior fase da Lava-Jato em número de presos, com 49 mandados de prisão preventiva expedidos pelo juiz federal Marcelo Bretas.
Messer chegou a iniciar a negociação de um acordo de colaboração antes de a Câmbio, Desligo ser deflagrada. Uma suspeita de vazamento dessa negociação, porém, acabou travando a concretização do acordo.
Antes, já havia sido citado em casos como Banestado e mensalão.
As suspeitas da Câmbio, Desligo fizeram o Ministério Público do Paraguai, onde Messer vivia, também abrir investigações e obter na Justiça o bloqueio de contas do doleiro e de suas empresas -abertas, segundo as investigações, com dinheiro ilícito.
No Paraguai, havia pressão pública para que Messer seja investigado e processado, porque é amigo do ex-presidente Horacio Cartes, que já o chamou de "irmão de alma".