Reduzir a dependência do Tesouro Nacional, pagar dívidas e realizar uma gestão transparente foram algumas das promessas feitas pelos gestores recém empossados da Caixa, Banco do Brasil (BB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante a cerimônia de posse dos presidentes de bancos públicos, que ocorreu nesta segunda-feira (7), no Palácio do Planalto, em Brasília.
Com a presença do presidente Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, os novos presidentes destacaram, em tom otimista com o novo governo, as principais medidas que serão tomadas enquanto estiverem à frente das instituições.
Joaquim Levy
novo presidente do BNDES
Levy afirmou que pretender revisar a contabilidade do banco de fomento para depender menos de recursos do Tesouro Nacional.
— Queremos continuar ajustando o balanço do banco, como organizamos nossas contas. Queremos adequar o balanço que hoje depende em uma proporção exagerada, mas menos que era há quatro anos, dos recursos do Tesouro. Isso tem de ser corrigido para haver adequado retorno de capital — avaliou.
O novo presidente afirmou, durante o discurso, que o BNDES prestou grandes serviços ao país e que precisa continuar respondendo às expectativas da nação.
— Estamos na antessala de um novo ciclo de investimentos em uma economia mais aberta, mais vibrante e com mais espaço para o setor privado e o mercado de capitais — acrescentou.
Segundo o novo presidente do BNDES, o papel do banco vai contribuir nesse ambiente com o desenvolvimento de novas ferramentas e novas formas de trabalhar em parceria com o mercado privado.
— Não será surpresa que a gente continue combatendo patrimonialismos e distorções que são uma trava ao crescimento do país, à justiça e à equidade. Isso tem de continuar mudando, evitando também o voluntarismo. As ferramentas têm de ser a transparência e a ética no setor público. Assim teremos mais liberdade, mais concorrência e mais crescimento — concluiu Levy.
Pedro Guimarães
novo presidente da Caixa
Pedro Guimarães afirmou que pretende vender de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões em securitização, no mercado financeiro, para que a Caixa Econômica Federal continue a atuar no mercado imobiliário.
— É fundamental discutir mais a parte imobiliária. Hoje, temos problemas de funding. Venderemos de R$ 50 bilhões a R$ 100 bilhões no mercado financeiro, cinco a 10 vezes mais do que foi feito em toda a história — disse.
De acordo com o novo presidente, a instituição possui uma dívida com o governo de R$ 40 bilhões em Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD). Segundo ele, essa é uma dívida que não tem prazo, "o que não é justo":
— Todos nós temos dívidas com prazo para pagar, os bancos privados também têm, e estes R$ 40 bilhões serão pagos. Temos várias maneiras de pagar. Uma delas é abrindo o capital de empresas que são controladas pela Caixa.
Na lista, estão a princípio as operações de cartões da Caixa, seguros, asset management e loterias.
— Temos quatro anos para fazer este pagamento e o farei. As operações (de abertura de capital)já estão adiantadas e faremos ao menos duas este ano, talvez três. Ao menos duas é o meu compromisso com o ministro Paulo Guedes — disse.
De acordo com Guimarães, as primeiras serão as operações com securidade, cartões e loterias.
— O que vai demorar mais é a de asset, que temos que criar uma empresa, uma DTVM, que precisa da autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Mas as quatro (operações)serão feitas e podemos fazer mais. A primeira operação provavelmente será ainda no primeiro semestre deste ano. A de securidade é a mais adiantada, embora a de cartões também esteja adiantada — explicou.
O novo presidente da Caixa afirmou ainda que toda operação que tiver sido negociada antes, pela antiga administração, será revista.
— A operação muito grande, que é da Caixa Seguridade, será revista. Assim como serão revistas todas as operações em empresas que são controladas pela Caixa Par. Há várias empresas, algumas delas que dão prejuízo há muito tempo, e faremos avaliação em cada empresa.
Rubens Novaes
novo presidente do Banco do Brasil (BB)
Em seu discurso, Novaes afirmou que pretende vender parte dos ativos da instituição e afirmou estar livre do drama que antes contrapunha o interesse dos acionistas minoritários e do governo.
— Entendemos que alguns ativos do banco não guardam sinergia com suas atividades principais e, nestes casos, realmente consideraremos os desinvestimentos — disse Novaes durante a cerimônia de transmissão do cargo. Ele não detalhou quais ativos seriam diluídos.
Novaes destacou a necessidade de a participação em determinadas atividades desempenhadas pelo banco ser diluída.
— O que se pretende para algumas atividades lucrativas, que se valem da força do banco para prosperar, é a abertura para o mercado de capitais e a busca de parceiros complementares, sempre buscando destampar e evidenciar valores antes despercebidos ou desconsiderados nos registros contábeis — disse ele.
Em uma cerimônia que contou com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro Paulo Guedes, a quem chamou de amigo de longa data, o novo presidente do BB destacou que assume o cargo livre de interferências indevidas do mundo político. Rubem Novaes substitui no cargo a Marcelo Labuto.
— Sendo empresa de capital aberto, mas com o controle da União, nem sempre foi harmoniosa a relação dos acionistas privados com o controlador (governo) — disse Novaes.
— Estou livre deste drama, pois o mandato que recebo é plenamente compatível com o interesse os minoritários —afirmou.