Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Michel Temer afirmou que assinará, na quarta-feira (20), o Tratado para Proibição de Armas Nucleares. O peemedebista defendeu as políticas públicas brasileiras contra o desmatamento da Amazônia e voltou a dizer que o Brasil está "superando uma crise econômica sem precedentes".
— O Brasil manifesta-se com a autoridade de quem, dominando a tecnologia nuclear, abriu mão de possuir armas nucleares — sustentou em frente a dezenas de chefes de Estado, nesta terça-feira (19). — Ao marcarmos a conquista que é o trato, cumpre, contudo, reconhecer (que) perduram, na agenda de paz e segurança, questões que suscitam fundada apreensão: os recentes testes nucleares (da Coreia do Norte) constituem grave ameaça a qual nenhum de nós pode estar indiferente. O Brasil condena todos esses atos. É urgente definir encaminhamento pacífico para a situação cujas consequências são imponderáveis.
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Temer citou as esforços do Brasil na redução do desmatamento.
— Neste momento da história, de tão marcados traços de incerteza e instabilidade, precisamos de mais diplomacia. Nunca menos — iniciou Temer. — Em todas as frentes, o Brasil tenta dar a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Seguiremos empenhados na defesa do Acordo de Paris. Essa é matéria que não suporta adiamentos. Meu país está na vanguarda do movimento em direção à uma economia de baixo carbono. A energia limpa representa mais de 40% de nossa matriz energética, três vezes a média mundial. O Brasil orgulha-se de ter a maior cobertura de florestas tropicais no planeta — disse Temer, ressaltando que "o desmatamento é questão que nos preocupa".
Sem citar investigações de que é alvo, o presidente reforçou o discurso adotado no Brasil de que o país "atravessa momento de transformação" na superação da crise econômica.
— Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. Aprendemos e estamos aplicando na prática essa regra elementar: sem responsabilidade fiscal, a responsabilidade social não passa de discurso vazia — afirmou.
Temer ainda defendeu a "saída política" para o conflito na Síria e afirmou que as violações de direitos humanos ainda são recorrentes no mundo. Além disso, o peemedebista ressaltou a crise política na Venezuela, que vem provocando a vinda de migrantes e refugiados para o Brasil.
— A situação dos direitos humanos na Venezuela lamentavelmente continua a deteriorar-se. Estamos ao lado do povo venezuelano, a quem nos ligam vínculos fraternais — disse. — Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia.
Desde 1947, o representante brasileiro é o primeiro a discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Foi a segunda vez que Temer falou no início do evento. No ano passado, ele reiterou o compromisso "inegociável" do Brasil com a democracia e abordou alguns conflitos internacionais, como o de Israel e da Palestina e a guerra na Síria.
Ainda nesta terça-feira, Temer se encontrará com líderes do Oriente Médio: Mahmoud Abbas, da Autoridade Palestina, Abdel Fattah El-Sisi, do Egito, e Benjamin Netanyahu, de Israel. No mesmo dia, tem uma reunião com líderes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com o presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.