O líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), em um vídeo gravado na noite de domingo (30), fez duras críticas ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que apesar de ser do mesmo partido do presidente Michel Temer, faz parte da ala oposicionista da sigla.
No vídeo, o líder do governo no Senado diz que viu uma postagem do senador paranaense afirmando que Jucá estaria buscando um laranja para assinar alguma ação no PMDB para expulsá-lo do partido e que a "cachorrada" do paranaense havia se manifestado.
– Pelo visto o senador Requião deve estar andando com muitos vira-latas e deve ser igual a eles. Não tenho medo de cara feia, nem de bravata – respondeu Jucá. – O senhor disse que pode soltar seus cachorros em cima de mim, solte, não tenho medo. Não devo nada nem a Polícia Federal, nem a Lava-Jato. E não sou réu em nenhuma ação, diferente do senhor que é réu em muitas ações aí no Paraná.
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Requião tem feito diversas críticas ao partido e ao governo Temer. Ao ser procurado pela reportagem, disse que não se incomodava com as "bobagens" de Jucá que ele e "95% da população" tinham a mesma opinião a respeito do senador e do projeto político do governo.
– (O governo) chegou no fim. Não tem mais – disse.
Segundo o senador, que é critico ao programa Ponte para o Futuro a condução da economia pelo governo "faliu tudo, é um erro brutal".
PMDB
Jucá afirmou ainda no vídeo que vai levar a situação do senador paranaense para ser discutida na reunião da executiva. Segundo Jucá, as colocações de Requião são "lamentáveis e atrasadas" e fazem parte de uma política "antiga, petista, bolivariana, uma política que não condiz com a realidade que o Brasil precisa viver".
– Estamos abertos e vamos discutir o PMDB, com o senhor e quem quiser. Não estava procurando ninguém para entrar com ação no PMDB. Mas agora eu, presidente do PMDB, levarei essa história, essa situação do Paraná, para a reunião da executiva – afirmou.
O líder do governo no Senado criticou ainda a proximidade de Requião com a senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) e disse que é para ele fazer "bom proveito" de seus acompanhantes.
– Nós vamos ter sim clareza no PMDB porque nós não estaremos no PMDB compactuando com propostas da Venezuela, da Bolívia, ou PMDB do Paraná – ressaltou.
Jucá disse ainda que não há nenhuma irregularidade nas contas do PMDB, mas que no caso do reduto eleitoral de Requião serão feitas investigações.
– Estamos investigando que o fundo partidário no Paraná, nas ultimas eleições municipais, gastou 95% na campanha do seu filho. E teve um resultado ridículo, expôs o partido a um vexame – afirmou o líder do governo no Senado em referência a Requião Filho, que disputou a prefeitura de Curitiba.
Para Jucá, o senador paranaense fica "atacando o partido e tentando atrapalhar o que queremos fazer para melhorar o Brasil".
– Sua posição não combina com o novo PMDB – afirmou Jucá. – Não tenho medo de brigas, não tenho medo de guerra e partido estará firme defendendo a nossa postura. Espero que o senhor reflita as bobagens que disse. O PMDB não tem medo de enfrentamento e não tem medo de cara feia – completou Jucá.
Requião, por sua vez, rebateu o presidente do PMDB e disse que não teme que a Executiva tome alguma providência contra ele.
– Eu acho que o PMDB tem que ter um movimento e se liberar da política que não é nossa – disse, afirmando que o partido não pode ter um programa de "extrema direita" como, na sua avaliação, é o Ponte para o Futuro. – Não existe desenvolvimento sem participação de Estado. É uma bobagem e eles estão querendo transformar o Brasil em colônia.
O senador paranaense afirmou ainda que o seu PMDB é o mesmo do falecido Ulysses Guimarães, que "não rouba e não deixar roubar".
– Que eles nos devolvam o Brasil com os corruptos na cadeia, mas nos devolvam a esperança aos trabalhadores.