Após contratar perícia particular na planilha da propina da Odebrecht, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) garante que foi incluído de forma "fraudulenta" no documento entregue pelos executivos da empreiteira aos investigadores da Operação Lava-Jato. Citado como "inimigo" na lista, Onyx é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar repasse de R$ 175 mil, via caixa 2, em 2006.
Além de constar na lista da Odebrecht, o parlamentar apareceu na delação da JBS. Neste caso, ele admitiu ter recebido R$ 100 mil, de forma não declarada, na campanha de 2014.
O perito Domingos Tocchetto realizou a análise da planilha que reproduz as informações do sistema Drousys, usado pela Odebrecht para controlar o fluxo de propina paga a políticos. O perito viu indícios de que os dizeres "175 inimigo", que identificam Onyx, "não constavam na 'Planilha do Sistema Drousys' original e que foram introduzidos em momento diferente do momento usado na elaboração da Planilha original".
– Houve uma armação. Não há dúvida de que essa planilha foi fraudada para dar sustentação à acusação vazia do senhor Alexandrino Alencar (ex-diretor da Odebrecht e delator na Lava-Jato). É a única prova material do que o delator fala – afirma Onyx.
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O perito analisou duas cópias da tabela anexadas ao inquérito que investiga Onyx no STF. Tocchetto chama atenção que o codinome "inimigo" aparece com "r$" como registro da moeda real, enquanto em outras linhas da planilha é usado "R$", com letra maiúscula. Ele também apontou que o tipo e o tamanho da fonte usados no registro do suposto pagamento a Onyx são diferentes dos demais. Isso indicaria que outra pessoa pode ter digitado as informações.
Na comparação das cópias, o perito encontrou em uma delas dois traços impressos na lateral da imagem, o que seria "indicativo que essa 'planilha do Sistema Drousys' não é uma via original, mas sim uma cópia de uma suposta planilha original".
Onyx credita a "fraude" ao ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar, e promete processá-lo por calúnia e difamação. O deputado se diz "perseguido" pela empreiteira, por sua atuação em comissões parlamentares de inquérito. Ele questiona o fato da acusação de caixa 2 tratar da eleição de 2006, uma vez que o sistema Drousys passou a funcionar por volta de 2008.
– O sistema não existia em 2006. Como tem uma planilha que fala de 2006? Nos casos citados de políticos, há senha e contrassenha para retirar o dinheiro, no meu caso não há. Também não há contrapartida minha em troca do dinheiro – destaca o parlamentar.
Onyx encaminhou a perícia ao STF e espera que o relator, ministro Edson Fachin, arquive a investigação. Questionado, o deputado diz que não se opõe à realização de uma perícia independente pela Polícia Federal, como acontece no áudio da conversa do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista.
Procurado por Zero Hora, o advogado Alexandre Wunderlich, que representa Alexandrino, afirmou, por meio de nota, que "a defesa não foi intimada a se manifestar sobre qualquer documento e seguirá contribuindo com o interesse público, aguardando a manifestação do poder Judiciário".
Clique na imagem abaixo para ler a íntegra do laudo da perícia contratada pelo deputador federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS)