A retomada do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi marcado, na noite desta terça-feira (6), por um embate entre os ministros Herman Benjamin, relator do caso, e Gilmar Mendes, presidente da Casa. No momento em que Herman defendia a cassação da chapa, Gilmar solicitou a palavra para pedir "cautela".
– As pessoas dizem que essa ação demorou muito. Não podemos esquecer que aqui nós temos uma situação bastante singular, que não pode ser comezinha, que é a impugnação de uma chapa presidencial, e um grau de estabilidade ou instabilidade que precisa ser considerado – completou.
Leia mais:
Na retomada de julgamento, MPF defende cassação da chapa Dilma-Temer
Após rejeitar quatro pedidos de defesa, TSE deve analisar exclusão de delações
PSDB defende que delações sejam usadas como prova
Por sua vez, Herman disse que as denúncias eram graves.
Gilmar afirmou que o julgamento, independentemente do resultado, permitira que as pessoas conhecessem melhor a "realidade" das eleições, de "empresas fantasmas" e outros fatos "gravíssimos". Mas, como se adiantasse seu voto contra a cassação da chapa presidencial, ele comentou que, na época da ditadura militar (1964-1985), o TSE cassava menos que hoje, no período democrático. Herman rebateu:
– A ditadura cassava e caça quem defendia a democracia. Hoje, o TSE cassa quem ataca a democracia.
Sem esconder a irritação, Gilmar afirmou:
– Temos que ser moderados.
Herman retrucou:
– Não se trata de dados quantitativos, mas qualitativos.
A discussão continuou. Gilmar disse que era preciso ser "cuidadoso".
– Nós temos que ser cuidadosos em tudo, especialmente quando se trata de voto popular – rebateu Herman.
Em seguida, o ministro relator citou declaração de Gilmar, que em outro julgamento criticou o TSE por ser "competente" para cassar governadores da Paraíba, de Rondônia e outros estados pequenos e não se "intromete" em eleições em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.