Correção: entre 14h49min de 18/05/2017 e 17h32min de 18/05/2017, o texto citava que o senador afastado Aécio Neves (PSDB) foi filmado solicitando R$ 2 milhões a Joesley e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na verdade, o tucano foi gravado em um diálogo com Joesley. A informação foi corrigida.
A delação da JBS, revelada pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (17), coloca mais um peso sobre Aécio Neves. Segundo a reportagem, o controlador do frigorífico JBS, Joesley Batista, entregou ao Ministério Público Federal (MPF), no dia 10 de maio, gravações nas quais registra pedidos de propina do presidente da República, Michel Temer (PMDB), e do senador Aécio Neves (MG), então presidente do PSDB, agora afastado.
Aécio foi gravado pela Polícia Federal (PF) solicitando R$ 2 milhões a Joesley para pagar despesas com sua defesa na Operação Lava-Jato.
Nesta quinta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador. O pedido foi feito pela Procuradoria-geral da República com base na delação da JBS. A Procuradoria chegou a pedir a prisão de Aécio, mas o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, encaminhou o caso para deliberação do plenário do STF.
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Na Lava-Jato, Fachin já autorizou a abertura de cinco inquéritos sobre Aécio. As delações da Odebrecht indicam que o tucano pediu e recebeu vantagens indevidas e de fraudar licitações em Minas Gerais, quando era governador do Estado, também em troca de propinas. Nas planilhas da empresa, Aécio é identificado como Mineirinho. Com base no que os executivos da empreiteira relataram, a PGR encontrou indícios de que Aécio está envolvido em lavagem de dinheiro, corrupção, cartel e fraude em licitações.
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, e Henrique Serrano do Prado Valladares, ex-executivo da empreiteira, por exemplo, relataram ao MP que o político recebeu dinheiro em troca de apoio de Aécio para obras no Rio Madeira e nas usinas hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau. Pelo apoio, Aécio teria recebido prestações entre entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões.
Outro executivo que delatou Aécio foi Sérgio Luiz Neves, superintendente da Odebrecht em Minas. Segundo ele, Aécio organizou esquema para fraudar processos licitatórios, e receber propina, durante seu segundo mandato como governador.
Tanto Neves quanto Benedicto Barbosa, outro executivo da empreiteira, disseram que Aécio pediu doação para a campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas. A Odebrecht doou R$ 1,8 milhão.
Na época da divulgação da delação, o senador disse, em nota, que "é falsa e absurda a acusação" de que ele participou de "algum ato ilícito envolvendo a licitação ou as obras da Cidade Administrativa de Minas Gerais".
A delação de Delcídio do Amaral também envolve Aécio Neves. O ex-senador apontou que afirmou que o presidente do PSDB recebeu propina de Furnas.As irregularidades na estatal do setor elétrico motivaram o primeiro pedido de investigação contra Aécio na Lava-Jato, em maio de 2016, autorizado por Rodrigo Janot. O pedido também listava Eduardo Cunha e Edinho Silva, então ministro da Comunicação Social. As suspeitas sobre eles eram de quem tinham cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.