As duas joalherias envolvidas em suposto esquema de corrupção relacionado ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, estão em tratativas para firmar acordos de leniência com o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, as empresas H. Stern e Antonio Bernardo vêm tratando com os investigadores o reconhecimento de atos ilícitos das empresas contra a administração pública em troca da redução de punições. O ex-governador, preso desde novembro, é suspeito de usar as peças para lavar dinheiro.
A força-tarefa da Operação Lava-Jato recebeu, em dezembro, uma lista de 460 joias compradas por Cabral e pela esposa, Adriana Ancelmo. Segundo o relatório entregue pela grife Antonio Bernardo, o tesouro de pedras e metais preciosos amealhado foi comprado entre 2000 e 2016, totalizando R$ 5,7 milhões. A maior parte foi paga em dinheiro vivo. Entre as peças, há anéis, brincos, colares, pingentes e pulseiras de ouro amarelo, ouro branco, esmeraldas, diamantes, turmalina e pérolas.
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O relatório de 356 páginas foi enviado ao MPF do Rio a pedido da Justiça. Conforme o Jornal do Brasil, o documento mostra imagens das joias adquiridas por Cabral e Adriana, além de Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, Maria Angélica dos Santos Miranda Paulo Fernando Magalhães Pinto Gonçalves, Luiz Carlos Bezerra, que seriam operadores do peemedebista.
Segundo a lista da Antonio Bernardo, o item mais caro comprado pelo casal é um par de brincos de turmalina paraíba com diamantes, de R$ 612 mil. O colar "Blue Paradise", também de turmalina paraíba, custou R$ 229 mil. Já os brincos Blue Cluster foram adquiridos por Cabral por R$ 125,2 mil, e os brincos Folhagem de Esmeraldas R$ 138.960. Os brincos Coruja de Diamantes foram pagos em espécie, ao preço de R$ 18.950, assim como o brinco Blacklava, comprado em dinheiro vivo por R$ 23.940.
Há também a descrição das joias e o modo como elas foram compradas: dinheiro em espécie, cheques e cartões. Segundo a empresa relata ao MPF, os cheques foram dados por Cabral e Adriana apenas para garantir os pagamentos, mas depois eram devolvidos e trocados por dinheiro em espécie.
Também há notas fiscais em nome do governador pelas compras das joias. Apesar de terem sido adquiridas entre 2000 e 2016, as notas foram emitidas entre os dias 25 e 27 de novembro de 2016 - oito dias após a prisão de Cabral, acusado de montar um esquema milionário de corrupção instalado na administração do peemedebista (2007/2014).