Candidato à presidência da Câmara, o deputado Rogério Rosso (DF), admitiu, nesta terça-feira, que pode abrir mão de sua candidatura se, quando estiver mais próximo do pleito, avaliar que não conseguiu se viabilizar politicamente. Ele ressaltou que hoje sua candidatura está mantida.
– Temos ainda 80% da campanha. Como política é igual a nuvem, nós imaginamos que a cada dia teremos surpresas. Não tenho nenhuma dúvida que essa é a eleição mais difícil da história da Câmara. Aquilo que parece, não é – declarou.
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Apesar de parte de seu partido pressioná-lo a desistir, Rosso diz que da mesma forma que pode desistir, pode convencer outro a abrir mão da disputa.
– O que está em jogo é uma coisa muito séria, que é a presidência da Câmara dos Deputados, que por essa configuração atípica dos próximos anos, será a vice-presidência da República. Não pode ser um vale-tudo, ter uma candidatura para marcar posição. A gente vai enfrentar matérias aqui que vão exigir 308 ou mais votos. A gente tem de evitar um racha. Esse é meu espírito: evitar qualquer tipo de racha – afirmou.
Minutos antes do lançamento da candidatura de seu aliado, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), Rosso disse que se dá bem com o deputado goiano, que mais para frente podem "somar" votos com ele, mas que Jovair também pode "ter o desprendimento" de desistir.
– O projeto pessoal, e não falo do Jovair, quando você vai muito em cima dele e desconsidera consensos, pode ser um projeto muito "self" – disse, em uma referência indireta a Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição.
Rosso insistiu que não há ciência exata na política e não quis revelar quando vai tomar a decisão de "somar" apoio a Jovair ou vice-versa.
Rosso disse que tem o apoio de "vários deputados de vários partidos" e afirmou que a Casa tem a tradição de não ter unanimidades nas bancadas. Ele não revelou quantos votos teria se a eleição fosse hoje, mas acredita que teria número suficiente para disputar um segundo turno. O parlamentar admitiu que tem mantido mais conversas telefônicas com os "eleitores-deputados".
O líder do PSD defendeu que não haja formação de blocos partidários este ano para a composição dos cargos da Casa.
– Não ter blocos é um caminho, se respeita a proporcionalidade e o tamanho das bancadas – comentou.
Ele, no entanto, acredita que a oposição se juntará no próximo biênio em um bloco único.
Rosso voltou a repetir que não tem interesse em desistir para assumir a liderança do governo na Câmara e reafirmou que o presidente Michel Temer não pretende interferir na disputa interna. Ele ressaltou que sua questão com Maia não é pessoal, se restringe a impossibilidade legal dele concorrer mais uma vez ao cargo, e sugeriu que Maia tivesse "um gesto de grandeza", abandonasse o projeto pessoal e desistisse.
– Projeto de governo não é – alfinetou.
*Estadão Conteúdo