
Não foi a primeira vez que Renan Calheiros (PMDB-AL) deixou a presidência do Senado em meio a polêmicas. A decisão do ministro do STF Marco Aurelio Mello que determina o afastamento de Renan tem caráter liminar, mas já está valendo. O senador ainda pode recorrer ao plenário do Supremo.
Em 1994, Renan foi eleito pela primeira vez senador, mas só assumiu a presidência da Casa 11 anos depois.
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Em 2005, Renan Calheiros chegou ao comando do Senado em aparente céu de brigadeiro, como candidato único e o apoio de 73 dos 81 membros da Casa. Reeleito em 2007, deixou o cargo no mesmo ano após ser envolvido no escândalo sobre pagamentos feito pela empresa Mendes Júnior à ex-amante, Mônica Veloso. Ele renunciou à presidência do Senado em 11 de novembro daquele ano.
O peemedebista apresentou as notas, referentes a suposta venda de bois, para se defender da suspeita de que a pensão era paga por um lobista de uma empreiteira. Absolvido pelo plenário, Renan continuou como senador e se manteve como líder da bancada do PMDB no Senado.
Reeleito senador, em 2013, foi escolhido para a presidência do Senado pela terceira vez. Nos dois anos em que esteve à frente do Senado, o alagoano teve confrontos com o Supremo Tribunal Federal (STF), ao qual acusou de interferir nos trabalhos do Legislativo, e ajudou o Palácio do Planalto a garantir a aprovação de projetos importantes, como a Lei dos Portos e a alteração da meta de superávit de 2014.
Em 2015 foi eleito pela quarta vez presidente do Senado. Dessa vez, após disputar a vaga com Henrique Alves, também do PMDB. Henrique foi lançado por dissidentes do PMDB, Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Waldemir Moka (PMDB-MS), e acabou recebendo apoio dos partidos de oposição como DEM, PSDB, PPS, PSOL e PSB e de senadores da base governistas considerados "independentes", como Ana Amélia (PP-RS) e Cristovam Buarque (PDT-AP). Mas Renan acabou vencendo a eleição por 49 votos de 81, para mais dois anos à frente do cargo mais alto do Legislativo.
Durante o processo de julgamento do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Renan manteve sua posição em segredo até a votação no plenário do Senado, quando votou favorável ao afastamento, aprovado pelos senadores em agosto de 2016.
O mesmo escândalo que derrubou Renan Calheiros em 2007 voltou aos jornais em dezembro deste ano, quando Renan se tornou réu na primeira ação contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele vai responder por peculato, que é o desvio de recursos públicos.
*ZERO HORA