Preso na segunda-feira, na Operação Omertà, 35ª fase da Lava Jato, que prendeu também o ex-ministro Antonio Palocci sob a acusação de receber propinas da construtora Odebrecht, o sociólogo Branislav Kontic, conhecido como "Brani", era um dos assessores mais próximos do petista no governo.
Kontic coordenou a campanha de 2006 de Palocci para deputado federal e, a partir daí, virou o braço direito do ex-ministro. Foi assessor especial de Palocci quando o petista chefiou a Casa Civil por cinco meses, no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Leia mais
Lava-Jato suspeita que Mantega seja "Pós Itália" e esteja ligado à propina
Após "antecipação", Temer cobra explicações do ministro da Justiça
Lobby de Palocci teria ido de sondas do pré-sal a submarino nuclear
A exemplo de Palocci, o sociólogo militou na Libelu, tendência do movimento estudantil brasileiro dos anos 1970 ligado ao trotskismo.
Na decisão que pediu prisão preventiva expedida na segunda-feira, o juiz responsável pela investigação da Lava-Jato em primeira instância, Sérgio Moro, afirma que Kontic era "ex-assessor e sócio" de Palocci. O sociólogo aparece na investigação em tratativas com Marcelo Odebrecht, então presidente da construtora que leva seu sobrenome.
Moro transcreve trechos de conversas entre Kontic e Odebrecht, que giram em torno da obtenção de benefícios fiscais para a construtora e a aquisição de um terreno para o Instituto Lula. Segundo a investigação ambas as negociações teriam sido acertadas entre Palocci e Marcelo Odebrecht.
Marta
O sociólogo também foi assessor de gabinete de Marta Suplicy quando a hoje candidata do PMDB esteve à frente da Prefeitura de São Paulo, entre 2001 a 2005. A informação foi confirmada pela assessoria da candidata.
Kontic é amigo do publicitário Luís Favre, ex-marido de Marta. O sociólogo e Favre foram sócios na Epoke Consultoria, que atua no ramo de prestação de serviços de informação.
Na Prefeitura, Kontic era responsável pela coordenação de grandes projetos e análises de orçamentos. Ele também fez parte do Conselho de Administração da Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (Emurb). Em 7 de janeiro de 2003, chegou a ser nomeado interinamente como chefe de gabinete da Prefeitura, mas os efeitos de sua nomeação foram suspensos no dia seguinte.
Dois anos após Marta deixar a Prefeitura, Kontic abriu uma empresa em sociedade com o então marido dela. Constituída em setembro de 2007, a Epoke Consultoria Política Ltda. funcionou no endereço onde a hoje senadora peemedebista morava com Favre, com quem foi casada entre 2003 e 2009.
Por meio de nota encaminhada ao jornal O Estado de S. Paulo pela assessoria, a senadora Marta Suplicy afirmou que a empresa foi registrada no endereço onde ela morava com o ex-marido.
"Marta não é mais casada com ele, não mora nesse imóvel e nunca teve nenhuma relação com a referida empresa. Marta também não teve nenhuma relação empresarial com Kontic nem com seu ex-marido", diz a nota em que a candidata reafirma o apoio às investigações da Lava Jato.
Defesa
Em nota, a defesa do sociólogo afirma que seu cliente não cometeu nenhum ato ilícito e nem recebeu qualquer vantagem indevida. O texto ainda ressalta que Kontic "foi preso arbitrariamente pelo simples fato de ser funcionário da empresa Projeto Consultoria".