Se nenhuma das partes ceder, o impasse que envolve a demolição de seis casas na Rua Luciana de Abreu pode se transformar numa interminável novela judicial, com todos os recursos previstos na legislação. Quem ganharia com mais 10 ou 12 anos de briga na Justiça entre os defensores da preservação e a empresa Goldsztein, que comprou as casas e quer construir um prédio de apartamentos em seu lugar?
Pois essa novela judicial pode ser evitada se prosperar um acordo que começou a nascer na quinta-feira, durante o programa Conversas Cruzadas, na TVCOM. O procurador José Túlio Barbosa, que recorreu da decisão judicial que deu ganho de causa à Goldsztein, e o advogado da construtora, Milton Terra Machado, admitiram a possibilidade de uma negociação. É só um começo, mas, pela primeira vez, surgem sinais concretos de que um acordo é possível.
Ao assumir o compromisso público de sentar à mesa para negociar, a Goldsztein troca a posição antipática que adotou no início por uma postura mais democrática. Interlocutores da empresa revelam que ela admite preservar três das seis casas e construir um prédio menor do que o projeto original no lugar das outras três. Nesse cenário, a empresa restauraria as três casas a serem preservadas, que estão em processo de deterioração, e se encarregaria de mantê-las. As casas remanescentes poderiam fazer parte do condomínio ou mesmo ser transformadas em centro cultural.
Um acordo seria interessante para a prefeitura, que não incluiu as casas na lista dos imóveis de interesse histórico, e não tem dinheiro para restaurar nem mesmo os prédios públicos. É que a Goldsztein se dispõe a recuperar outras casas na vizinhança, especialmente na Rua Padre Chagas, e até investir em segurança no bairro e construir um cachorródromo junto à Praça do Dmae.
A solução salomônica não é a sonhada pela empresa nem pelos defensores da preservação, mas interessa principalmente aos antigos proprietários, que trocaram as residências por área construída e esperam há uma década pelos apartamentos negociados com a construtora.
Opinião
Rosane de Oliveira: "Alguém tem que ceder na Luciana de Abreu"
Rosane de Oliveira
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