"Quis fazer uma parceria com o governo federal. Tenho vergonha da BR-116", afirma prefeito de Caxias do Sul

A partir de março, obras para desafogar o trânsito e, também, ampliar o tratamento de esgoto e a distribuição de água vão tomar conta de Caxias do Sul. É o que promete o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), além de outras ações para melhorar a saúde e a educação no município. Nesta entrevista, que marca um ano da eleição do pedetista, ele também fala da relação com os governos petistas de Tarso Genro e Dilma Rousseff.

Confira os principais trechos da conversa e lei a entrevista completa na edição impressa desta segunda-feira.

Pioneiro: Por que as parcerias com o Estado demoram?

Alceu Barbosa Velho: Eu não posso fazer se não me autorizam. O Daer demorou para dizer que aceitava as lombadas e a sinalização na Rota. Depois de São Ciro 2, vamos fazer a entrada do Serrano, no Travessão Leopoldina, o acesso para a Atílio Andreazza, e o trevo de Monte Bérico. Tudo com custo zero para o Estado, sem destruir meu orçamento.

Pioneiro: E a BR-116? Terá obras do município?

Alceu: Eu quis fazer uma parceria igual com o governo federal, mas o ministro foi taxativo em dizer que não. Eu tenho vergonha da BR-116. Mas vou seguir tentando pelo menos melhorar a entrada do Bairro Planalto, depois que eu fizer a passarela.

Pioneiro: O governador reclama muito da burocracia e da falta de qualidade e responsabilidade das empreiteiras...

Alceu: Falta uma fiscalização mais efetiva de parte do gestor. No caso da Rua Jacó Brunetta, nós poderíamos ter evitado que a empresa tivesse problemas com o Ministério Público. No caso dos banheiros da Praça Dante, a empresa ganhou a licitação e só trabalhou dois dias. Temos que criar um mecanismo para melhorar a fiscalização, fazer um trabalho mais preventivo.

Pioneiro: Por que a Jacó Brunetta alagou? A obra não deu certo?

Alceu: O alagamento está explicado: um cidadão construiu um prédio e reduziu uma saída de esgoto de 80 para 30 centímetros de diâmetro. Além disso, fez um cotovelo. A água trancou e voltou, não deu vazão. O pior é que fomos lá multar o cidadão e ele tinha uma autorização de um funcionário da prefeitura que já está aposentado.

Pioneiro: Por que Caxias alaga tanto?

Alceu: O grande inimigo é o lixo que colocam nas ruas. Também há loteadores e construtores que aprovam um projeto e, na execução, mudam para reduzir o custo. Se nossa fiscalização fosse melhor, isso não aconteceria.

Pioneiro: A morte de um paciente na frente do Postão 24 Horas, no mês passado, produzirá alguma mudança no serviço de saúde?

Alceu:  Estou fazendo um estudo detalhado sobre o número de médicos e a estrutura. Eu e a doutora Dilma (Tessari, secretária de Saúde) faremos uma repaginação na secretaria. Eu sou prefeito, não sou médico, mas vejo grande dedicação da doutora Dilma, que trabalha sábado, domingo, feriado. Sobre a morte, foi uma fatalidade, ele poderia ter morrido em casa, no ônibus. Mas aquilo serviu para mostrar que temos que apurar mais o diagnóstico, temos que ter uma resposta mais rápida. E também precisamos trabalhar mais com os hospitais para achar vagas. Sobre a vistoria do Cremers, posso antecipar que o Cremers viu que lá é um bom local. No Rio Grande do Sul há poucos centros com aquele nível de atendimento.

Pioneiro: Outra promessa que o senhor fez foi melhorar o trânsito para pedestres e motoristas. O que está sendo feito?

Alceu: Nosso plano de mobilidade vai ser uma revolução. A Secretaria dos Transportes já me apresentou o projeto, e eu aprovei. Teremos corredor duplo para ônibus na Sinimbu e na Pinheiro Machado e proibição de conversão para a direita nessas ruas. O corredor duplo vai funcionar nos horários de pico. E quem andar no corredor de ônibus vai ter multa pesada. É decisão tomada. Também posso anunciar que farei o viaduto da Atílio Andreazza, mesmo que seja com recursos próprios.

Pioneiro: O senhor assinou um financiamento de R$ 30 milhões com a Caixa, com contrapartida de outros R$ 7 milhões, para reforçar os corredores de ônibus, asfaltar ruas e construir o trevo da Codeca. Quando as obras começam?

Alceu: Esta licitação vai ter muito interesse, são R$ 37 milhões. São 12 quilômetros de concreto e asfalto. Vai ter cachorro grande brigando. A ideia é ter as licitações concluídas e dar início às obras em março, após a Festa da Uva.