O Tribunal do Júri de Farroupilha condenou Ricardo da Silva Costa, 43 anos, a 20 anos de prisão por esfaquear e arremessar a esposa pela janela do terceiro andar de um prédio em Farroupilha. A tentativa de feminicídio ocorreu no apartamento do casal no dia 25 de outubro de 2020. A vítima ficou paraplégica em razão das agressões. O julgamento aconteceu nessa quinta-feira (9) presidido pelo juiz Enzo Carlo Di Gesu.
O réu foi representado pelo defensor público João Teixeira Grossi, que apelou da decisão. Procurado pela reportagem, Grossi respondeu que suas manifestações são feitas no processo. Pela parte da acusação, o promotor Ronaldo Lara Resende comentou sobre a pena aplicada:
— Pena justa. Pesada, mas justa. Faço júri há mais de 20 anos e nunca tinha visto uma pena tão elevada para uma tentativa (de homicídio). Fugiu da cultura da "pena mínima", algo que, a meu ver, fomenta a sensação de impunidade e constitui um escárnio à vítima e a seus familiares — argumenta o representante do Ministério Público (MP).
A tentativa de feminicídio aconteceu por volta das 18h dentro de um apartamento no Residencial Alvorada, na Rua João Fabro Filho, no bairro Alvorada. Conforme a denúncia do MP, Costa desferiu diversos golpes de faca com a intenção de matar a esposa. Na sequência, ainda segundo a denúncia, o acusado empurrou a mulher pela janela, que caiu do terceiro andar. A vítima sofreu cortes no peito, braços e mãos, além de sofrer diversas fraturas em decorrência da queda.
Costa foi preso em flagrante pela Brigada Militar (BM) logo após o crime e permaneceu recolhido desde então. Em juízo, o policial militar que atendeu a ocorrência relatou que Costa permaneceu frio e tranquilo. E, em nenhum momento, perguntou sobre a vítima ou sobre os filhos que estavam juntos no local. O casal estava junto há 15 anos e tem quatro filhos. Dois deles, menores de idade, presenciaram o ataque do pai contra a mãe.
Em interrogatório durante o processo, Costa narrou que as brigas começaram por uma suposta traição da mulher. O acusado alegou que estava mexendo no celular da mulher e que ela, ofendida, teria pego uma faca para lhe atacar. O réu alegou que, para se defender, pegou uma faca também e desferiu os golpes na esposa. Costa afirmou que não sabia porque a esposa "se atirou" da janela.
A versão da vítima foi diferente, relatando que o homem a trancou no quarto e a atacou com uma faca. A mulher contou que ficou paraplégica, com síndrome do pânico e depressão em razão do ataque. A vítima já passou por quatro cirurgias e tem mais duas agendadas.