Elementos apurados pela Polícia Civil no caso do cachorro que foi morto degolado em Farroupilha apontam que o autor agiu em tentativa de defesa. O caso ocorrido na sexta-feira (9) mobilizou defensores dos animais do município, que participaram de uma manifestação pedindo por justiça, organizada pela ONG dos Peludos no dia seguinte ao fato.
Informações preliminares davam conta de que o suspeito teria buscado um canivete no próprio apartamento para cometer o ato. Porém, a hipótese foi descartada pelo delegado Rodrigo Morale após ter acesso às imagens das câmeras de segurança do prédio, que fica no bairro Planalto. Ele afirma que o homem que matou o animal agiu na tentativa de se defender do cão. Além disso, depoimentos prestados por testemunhas voltaram a investigação aos donos de Tobi, o cachorro que foi morto, e eles poderão ser indiciados por descuido de animal perigoso.
— Temos imagens que comprovam que ele não voltou para buscar o canivete. Em depoimento, alegou que estava passeando com seu cachorro, de menor porte, quando o mesmo foi atacado pelo cão maior com mordidas. Ele disse que tentou separar com chutes e depois com as mãos, mas também passou a ser atacado, sacando o canivete que já portava para se defender — afirma o delegado.
Ao longo do inquérito, que segue em andamento, testemunhas também foram ouvidas, sendo que nenhuma delas viu o momento em que o cachorro foi morto. Um funcionário que trabalha para a empresa responsável pela limpeza das ruas do município afirmou ter visto, apenas, o cachorro sangrando após o fato. Paralelo a isso, uma testemunha alegou que seu cachorro foi atacado e morto por Tobi em outra ocasião, apontando para um possível histórico de violência por parte do animal.
"Nada justifica o que ele fez", diz filho de tutor
Tobi era mantido por um casal de idosos que vive em uma residência próxima ao local onde o ataque teria acontecido. O filho deles, que prefere não se identificar, diz que o pai ainda não prestou depoimento à polícia e defende que outras testemunhas que teriam presenciado o fato sejam chamadas. Ele afirma que a mãe, que luta contra um câncer, ficou abalada e chegou a ser hospitalizada nesta semana. Garante que o cachorro era dócil e que nunca ouviu relatos de que ele teria mordido alguém ou algum outro animal.
— Eu não vi o que aconteceu, mas conheço o cachorro. Meu filho de quatro anos convive com ele desde que nasceu e eu nunca permitiria isso se ele fosse agressivo. Ele costumava ficar no pátio e às vezes saía para dar uma volta. Muitas pessoas que o conheciam sabem o quanto ele era dócil — afirma o filho do idoso de 83 anos, que comparecerá à delegacia na próxima terça-feira.
— Se ele realmente atacou o homem, porque ele não veio nos procurar depois do fato? Algumas pessoas disseram ter visto ele dando chutes e pontapés. Nada justifica o que ele fez — defende o filho.