A Polícia Civil de Caxias do Sul identificou e indiciou uma mulher de 40 anos que tentou raptar uma criança na maternidade do Hospital Geral (HG), no início de julho. Conforme a investigação, a suspeita não conseguia engravidar e inventou uma sucessão de mentiras para o marido. Naquele dia, a mulher planejava levar um bebê para criar como filho.
Conforme a investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), não houve falha na segurança do hospital. A mulher teria acessado o Centro Obstétrico como uma paciente com consulta marcada. A indiciada, contudo, passou a caminhar pelos corredores e foi flagrada pelas câmeras de monitoramento.
— Tudo indica que esta mulher tem um grande desejo de engravidar, mas não conseguia, e estava consultando médicos. Assim, inventou alguma história de que havia tido o bebê, mas que o marido não podia olhar a criança. O homem, inclusive, estava irritado com o hospital. Naquele dia, ela havia contado que o suposto filho recém-nascido receberia alta — revela o delegado Caio Márcio Fernandes.
Esta versão de gravidez, seguida da internação do suposto bebê, foi a mesma dada pela investigada em seu primeiro depoimento à Polícia Civil. Quando confrontada pelos investigadores, a mulher teria inventado outra história inverossímil. Para o delegado Fernandes, ficou claro que a mulher foi até o HG naquele dia com a intenção de tentar pegar um recém-nascido:
— Não cabe à Polícia Civil avaliar se há uma questão psicológica. Acredito, no entanto, que (a possibilidade) não influencia. Esta vontade dela em ter um filho não justifica a conduta dela (tentativa de rapto).
O inquérito foi concluído pela DPCA na tarde de terça-feira. A indiciada foi enquadrada no artigo 237 do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA): subtrair criança ou adolescente com o fim de colocação em lar substituto. A pena prevista é de dois a seis anos de reclusão.
— Como não tinha antecedentes, colaborou com a investigação e, em princípio, (a tentativa de subtração da criança) foi um fato isolado, por hora ela poderá responder em liberdade — explica Fernandes.
A Polícia Civil optou por não divulgar a identidade da indiciada em razão de o inquérito ainda estar em fase de avaliação pelo Ministério Público. Também há a precaução para evitar qualquer reação de revolta, como um possível linchamento, diante do caso.
Relembre o caso
De acordo com a denúncia feita por uma mãe, duas mulheres teriam ido até o seu quarto se dizendo enfermeiras e pedindo a criança para a realização de exames. A mãe desconfiou porque as mulheres não estavam uniformizadas e o bebê já havia feito os procedimentos citados. Diante da resistência da mãe em entregar o bebê, as mulheres fugiram. A investigação da Polícia Civil confirmou a sucessão dos fatos, mas concluiu que não havia uma segunda mulher envolvida.
— As imagens dão conta que ela estava sozinha andando pelos corredores. A própria suspeita narra que estava sozinha. O marido também dá esta versão. Qualquer contato com outra mulher (que possa ter ocorrido) foi ocasional — afirma o delegado Fernandes.