Com o sentimento de estar desempregado, Roque Simas, 56 anos, desocupou o espaço antes das 16h30min da tarde desta quarta-feira (24). Ele mantinha a banca desde 1993, na Rua Marechal Floriano, próximo ao antigo Postão 24H, em Caxias do Sul. Foi com o dinheiro das vendas de jornais e revistas que criou seus dois filhos.
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— Metade da minha vida foi com esta banca. Chego sempre às 6h e saio às 18h, de segunda a sábado. Só não trabalho mais no domingo porque fechou o Postão e não há mais segurança. Agora, não sei o que fazer. Sinceramente, não sei mesmo.
Seguindo a orientação do advogado, Simas respeitou o horário notificado pela prefeitura e fechou a banca pouco depois das 16h desta quarta-feira (24). Na última hora, pelo menos 20 amigos e clientes prestaram solidariedade e manifestaram não entender a decisão municipal.
— Sou cliente há bastante tempo e acho que o prefeito está cometendo uma arbitrariedade. É um ponto de cultura. Não vejo razão para tirar. Tanta coisa que precisa ser feita (na cidade) e o prefeito implica com as bancas que estão trabalhando? — questiona o metalúrgico Cândido Fioreze, um dos últimos a comprar revistas em quadrinhos na Banca do Simas.
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A estrutura de metal da banca de revistas é do próprio Simas. Contudo, em razão da liminar sobre o projeto para transformar em patrimônio cultural de natureza imaterial as bancas de revistas que tramita na Câmara de Vereadores, nenhuma mudança pode ser feita.
— Não podemos nem deslocar a banca para outro local para continuar trabalhando. Também não posso me aposentar. Com a crise, parei de pagar o INSS. Estou sem emprego e com contas para pagar, Gastei o último dinheiro que tinha na reforma da banca, porque estouraram e arrombaram — lamenta Simas.