Era por volta das 17h30min desta quinta-feira santa, quando uma antiga moradora do bairro Kayser cuidava do neto, de três anos, tranquila, em frente a uma casa. Ela viu quando dois homens subiram a Avenida Primavera em uma moto e diminuíram a velocidade ao se aproximar da Escola Municipal de Ensino Fundamental Luciano Corsetti até que o veículo parou, na esquina com a Travessa Santa Maria.
Era o horário de saída das crianças e havia muita gente na rua naquele momento. O grande movimento era de pais que tinham ido buscar os filhos e de vans escolares no entorno da instituição. A moradora viu quando um dos tripulantes desceu da moto e deu o primeiro tiro contra pessoas que estavam na calçada junto a um muro lateral da escola.
Perplexa com o que se passava diante dos olhos, a moradora viu um menino cair na rua. Não sabia se atingido ou empurrado pelo atirador. Também viu um homem caído na calçada. Naquele instante, o marido dela, que estava dentro da casa, gritou: "entra que é tiro". O filho da mulher, pai da criança que ela cuidava, chegou e disse: "pega ele (a criança)".
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– Peguei o neto nos braços e entrei correndo (na casa), meio me atirando para dentro e caí. Nos jogamos todos no chão. Fiquei me rastejando no chão com o neto. Fui de arrasto até o quarto, e liguei para a polícia (190). Eles vieram logo – relata a moradora.
Nesse meio tempo, o marido, espiando pela janela viu quando o atirador seguiu a pé correndo pela Travessa Santa Maria, onde fica a parte de trás da escola, e atirando contra as pessoas que fugiam – pais e crianças.
Duas meninas de seis anos foram baleadas. Elas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Uma foi atingida de raspão na cabeça e atendida no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão). A outra levou um tiro no abdome, foi levada ao Hospital Geral, onde, passou por cirurgia e permanece na UTI, em estado grave.
Conforme a diretora da Luciano Corsetti, Taísa Mano, as crianças são colegas de turma e estudam no 1º ano.
Ainda da janela, os moradores viram o pânico de adultos e crianças correndo perseguidos pelo atirador.
– Ele (atirador) correu atrás das crianças que saíam do colégio. Eram muitas crianças, pais e vans escolares. Um aglomerado de gente. Ele foi correndo e atirando contra as crianças a dois metros delas – disse o morador.
Na tentativa de acalmar o neto, a mulher disse a ele que se tratavam de rojões. Assustada, a criança chorava, sem entender o que estava acontecendo.
– Este sempre foi um lugar seguro, maravilhoso para nós. Agora isso – lamentou a mulher.
O casal não sabe, no total, quantos tiros foram disparados mas acredita-se que cinco ou mais. A cena descrita por eles foi desoladora.
– Era pai gritando, mãe gritando, criança chorando, uns esbarrando nos outros tentando fugir... todas crianças pequenas – lamentou o morador.