O Ministério Público (MP) denunciou Geferson José Reis Lorandi, 39 anos, por tráfico de drogas. Ele foi alvo da Operação Jurerê, deflagrada pela Polícia Civil em setembro. De acordo com a investigação, Lorandi liderava um esquema que trazia cocaína de Santa Catarina e abastecia pontos de venda em Caxias do Sul, Bento Gonçalves, São Marcos, Ipê e Antônio Prado. O processo tramita na 3ª Vara Criminal.
Leia mais
Polícia Civil recupera veículos roubados e apreende drogas sintéticas em Caxias
PRF intercepta carregamento com 150kg de cocaína em Bento Gonçalves
Investigado pela Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) desde fevereiro, Lorandi é descrito como um traficante independente, sem ligações com organizações criminosas maiores. Seu esquema consistia em trazer cocaína de Florianópolis (SC) e negociar com outros revendedores da droga, sem nunca manter contato com usuários de drogas.
As vendas possuíam um valor mínimo de R$ 1,5 mil, conforme as anotações apreendidas pela polícia. Os investigadores identificaram, pelo menos, 10 pontos de tráfico em Caxias do Sul que tinham a cocaína fornecida por Lorandi. Um destes locais era uma boate no interior de propriedade de Luiz Everaldo da Silva Paim. No endereço, a Defrec apreendeu drogas, munição e uma quantia em dinheiro. Paim é réu por tráfico de entorpecentes no mesmo processo e segue preso.
A maioria das negociações eram realizadas pelo aplicativo WhatsApp e Lorandi contava com dois entregadores. Um deles é Alexandro Andrade, 29 anos, o Leco, que possui um vínculo familiar com o Lorandi. Ele prestou depoimento e admitiu ser o dono da droga e do dinheiro apreendidos pela Polícia Civil. No entanto, há evidências que apontam que os ilícitos são, na verdade, de Lorandi. Andrade não teve a prisão decretada e responde ao processo em liberdade.
O outro entregador vinculado a Lorandi é conhecido pelo apelido de Gordo e segue procurado pela Polícia Civil. O trio trazia, em média, quatro carregamentos de Santa Catarina por mês.
No mundo do crime, Lorandi gostava de ser conhecido como Toretto — referência ao personagem de Vin Diesel em Velozes e Furiosos — devido ao seu hobby de pilotar veículos potentes. Após ser capturado em 22 de setembro, Lorandi teve a prisão preventiva decretada e segue recolhido no Presídio Regional de Caxias do Sul.
Denunciado comprava imóveis à vista
A Polícia Civil ainda busca calcular o crescimento do patrimônio de Lorandi com ajuda do tráfico. Em três anos, o investigado teria deixado de pagar aluguel em um apartamento e comprou, pelo menos, quatro imóveis. Para disfarçar a prática criminosa, Lorandi afirmava que trabalhava com compra e venda de veículos.
Atualmente, ele morava em um apartamento de luxo em Forqueta e estava investindo em imóveis em Santa Catarina. A investigação localizou uma casa comprada na Praia dos Ingleses, ao norte de Florianópolis, por R$ 217 mil, que foram pagos à vista. O denunciado também adquiriu um sítio em Rio Negrinho (SC). A investigação identificou que o denunciado possui, pelo menos, 10 automóveis em seu nome. O MP ainda analisa um possível pedido de sequestro dos bens do denunciado.
De acordo com o inquérito policial, ele se dava ao luxo de ter um apartamento apenas para armazenar drogas na Rua Nossa Senhora de Aparecida, no bairro Medianeira. O imóvel está registrado no nome da esposa de Lorandi. Foi neste endereço que, durante a Operação Jurerê, a Polícia Civil apreendeu 8,4 kg de cocaína. Naquela ocasião, no dia 22 de setembro, foram cumpridos cinco mandados de busca. Além da droga, foram apreendidos R$ 33 mil em dinheiro e uma pistola .380 — que estava em ocorrência de perda em Bento Gonçalves.
Defesa rebate acusações
A defesa de Lorandi aguarda o despacho judicial para saber os detalhes sobre a denúncia do MP, formalizada na semana passada. Por enquanto, a advogada Gabriela Varela de Jesus salienta que seu cliente está recolhido por porte ilegal de arma de fogo.
— O que posso falar é que o Geferson não é um traficante. Quem morava no endereço (onde foi encontrada a droga) é este outro réu (Alexandro Andrade). Na posse do Geferson, na ocasião, somente foi encontrada uma arma. A princípio, não há qualquer comprovação da ligação do Geferson com a droga — aponta.
A advogada explica que Andrade estava morando de aluguel em um imóvel que era da esposa de Lorandi e que não há qualquer outra relação entre os dois réus. Sobre a pistola .380 em posse de Lorandi, Gabriela não tinha informações sobre a procedência. A advogada também atua na defesa de Luiz Everaldo da Silva Paim e afirma que as drogas encontradas na boate dele são, na verdade, das dançarinas que lá trabalham e que Paim não tinha conhecimento sobre os entorpecentes.