A repercussão negativa entre os moradores de Nova Petrópolis fez com que o vereador João Paulo de Macedo Viana (PSB), o Ceará, retirasse de discussão a sugestão de cobrar ingresso de turistas no Labirinto Verde. Com a justificativa de aumentar a arrecadação do município, o político quis levar a indicação para discussão em uma sessão na Câmara de Vereadores, mas desistiu depois de ouvir muitas opiniões negativas. A ideia, segundo ele, era que os turistas pagassem um valor simbólico, entre R$ 1 e R$ 2, para visitar o mais famoso ponto turístico da cidade, que fica na Praça das Flores. A quantia arrecadada também poderia, segundo Ceará, custear o pagamento de mais um médico no Hospital de Nova Petrópolis:
– Sabemos da situação de muitas cidades brasileiras em função da crise. Nova Petrópolis é privilegiada, hoje não precisa parcelar salários, mas ninguém sabe do futuro. Os recursos estão cada vez mais escassos, então essa seria uma forma de gerar arrecadação.
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Convicto de que a ideia é boa e só precisa ser melhor explicada para a população, Ceará não pretende deixar a sugestão cair no esquecimento. Garante que vai amadurecer o projeto para, no futuro, voltar à discussão.
– A opinião pública foi contrária, percebi, mas acho que as pessoas não entenderam muito bem a minha sugestão – acredita o vereador.
A prefeitura de Nova Petrópolis, no entanto, já bateu o martelo e nem cogita a possibilidade de cobrar ingresso no Labirinto Verde, atração inaugurada em 1989. O secretário municipal de Turismo, Paulo Roberto Staudt, diz que o poder público respeita as sugestões dos vereadores, mas que a ideia de Ceará não faz sentido para a atual gestão. A estimativa da prefeitura é de que 1,5 milhão de turistas passem pela atração na Praça das Flores anualmente.
– Nunca foi cobrado e nunca será, ao meu ver. A ideia das cidades turísticas, como a nossa, é atrair turistas, não dificultar o acesso de novas pessoas – critica.
Staudt afirma que nem a justificativa de que o valor cobrado poderia ajudar na manutenção do labirinto será levada em conta. Ele não detalha quanto é gasto mensalmente com o ponto turístico, mas garante que os custos são baixos. O Labirinto Verde tem 1,7 mil mudas de ciprestes plantadas, cortadas como cerca viva e plantadas em círculos. O gasto, segundo o secretário, é a cada três meses, com a poda ou troca das mudas.
Comunidade e turistas se mostram contrários
A sugestão do vereador Ceará, que veio à tona na semana passada, foi assunto por vários dias em Nova Petrópolis. Moradores não receberam bem a iniciativa, acreditando que a cidade perderia muitos turistas. A comerciária Luana Matt, 31 anos, comemorou que a sugestão não foi nem para discussão na Câmara de Vereadores.
– A nossa região já é conhecida por ser cara, então se pudermos evitar... Aquele ponto, também, é aberto, na praça, não faria sentido colocar um local de cobrança ali.
A família de Reginaldo Maurílio dos Santos, 54 anos, ficou encantada com o Labirinto Verde. Naturais de Itajaí (SC), eles conheceram todos os pontos turísticos da cidade e prometeram voltar. No entanto, quando foram questionados sobre a possível cobrança para entrar no labirinto, ficaram indignados.
– Já está difícil viajar, imagina se tivermos que pagar por tudo. Pensaríamos duas vezes se tivéssemos que desembolsar algum valor – diz Santos.
Polêmica em São Marcos
Em janeiro, o projeto de lei do vereador Fúlvio Pessini (PMDB), que pretendia instituir o tortéi como prato típico e criar o "Dia do Tortéi" de São Marcos, saiu de discussão na Câmara de Vereadores. Ele chegou a ser protocolado, passou por apenas uma discussão e deixou a pauta após muita polêmica e pressão dos moradores.