A defasagem de efetivo da Brigada Militar na Serra ainda deve se arrastar por um bom tempo. Nesta quarta-feira, 178 novos homens e mulheres se apresentam nas academias em Porto Alegre onde passarão por sete meses de treinamento para atuar na BM ou no Corpo de Bombeiros. A Serra, que tem previsão de aposentadoria de 200 policiais militares até o final do ano não deve receber nenhum desses novos servidores. Caxias pode ter 40 brigadianos a menos até dezembro. No ano passado, 24 já tinham deixado a função.
Nomeados no último concurso público, os 139 novos brigadianos e 39 novos bombeiros apresentaram segunda e terça os documentos necessários para o ingresso. Pela primeira vez, a apresentação dessa documentação ocorreu em cinco etapas, todas no mesmo dia, visando agilizar o processo de nomeação. Em junho, eles já recebem o primeiro salário.
O Comando da Brigada Militar do Rio Grande do Sul diz que ainda estuda onde os 178 soldados serão lotados, mas eles substituirão outros 178 soldados temporários que tiveram seus contratos reincididos este ano. Por conta disso, a maioria dos nomeados provavelmente atuará em Porto Alegre, na fronteira ou no Sul do Estado. Diferentemente dos temporários, que atuavam como guardas em presídios ou serviços internos, os novos servidores integrarão o policiamento ostensivo e serão vistos nas ruas.
– Não tínhamos contratos temporários na Serra, por isso esses profissionais não virão para a região. Não havia interesse dos temporários por Caxias e cidade vizinhas. A questão da defasagem de efetivo nas nossas cidades já foi falada muitas vezes, e minha resposta é sempre a mesma: continuamos trabalhando –afirma o coronel Antônio Osmar da Silva, comandante do CRPO/Serra.
Segundo Ricardo Agra, secretário-geral da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (ABAMF), que representa cabos e soldados da BM, três mil policiais devem se aposentar até o final do ano no Rio Grande do Sul. Os pedidos de aposentadoria explodiram no ano passado motivados pelo decreto que suspendeu promoções e horas extras.
– Do modo que o Estado tem tratado o ingresso desses 178 policiais, me parece um golpe de marketing. O efetivo não aumentou com essa nomeação porque eles ingressaram no lugar de quem teve contrato reincidido. Temos menos de 16 mil policiais militares e esse número só tende a baixar – diz Agra.
No ano passado, a ABAMF ingressou na Justiça com mandado de segurança e pedido de liminar para que houvesse a nomeação de todos aqueles que passaram no último concurso da BM. O mandado foi indeferido com a justificativa de que o poder Judiciário não pode interferir no Executivo.