A constante evolução da tecnologia e a adoção cada vez maior de métodos sustentáveis nos centros urbanos fez com que um novo conceito surgisse: Cidades Inteligentes. Elas são fruto da união de pessoas que interagem entre si e utilizam de todos os recursos disponíveis para favorecer a melhora na qualidade de vida dos indivíduos.
Será que Caxias do Sul, uma cidade com mais de meio milhão de habitantes, está preparada para o futuro? Como a população pode usar de seus recursos para promover o uso da tecnologia e de iniciativas que valorizem o meio ambiente? Para responder a estas e outras perguntas, entrevistamos Rafael de Lucena Perini, doutorando em Administração, pesquisador visitante na Wayne State University (Detroit - EUA), colaborador do projeto INOVA-RS e também professor no Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG). Confira!
Caxias do Sul está preparada para ser uma Cidade Inteligente?
O termo de “Cidades Inteligentes” vem do inglês “Smart Cities” e, conforme o conceito da Carta Brasileira de Cidades Inteligentes, existem 4 critérios principais para se considerar a inteligência de uma cidade:
- Comprometimento com o desenvolvimento urbano e transformação digital sustentáveis em seus aspectos econômico, ambiental e sociocultural;
- Atuar de forma planejada, inovadora, inclusiva e em rede, promovendo o letramento digital, a governança e a gestão colaborativas;
- Utilizar tecnologias para solucionar problemas concretos, criando oportunidades, oferecendo serviços com eficiência, reduzindo desigualdades, aumentando a resiliência e melhorando a qualidade de vida de todas as pessoas;
- Garantir o uso seguro e responsável de dados e das tecnologias da informação e comunicação.
Sendo assim, para o professor Rafael de Lucena Perini, Caxias do Sul está no caminho certo:
– Caxias sempre foi uma cidade muito próspera e o momento atual está propício para uma evolução nesses temas relacionados à inteligência nas cidades. A inovação é algo que está bastante em pauta na região e tem um impacto direto no processo de transformação das Cidades Inteligentes.
De acordo com ele, estão em andamento, em diversas frentes, movimentos que têm proporcionado uma relação mais próxima entre a academia, o setor público, empresas e sociedade civil.
– Como exemplos podemos citar o INOVA-RS, MOBI-Caxias, Viva São Pelegrino, Acelera Serra, Mind7, Projeto Hélice, entre outros. O poder público também tem atuado com iniciativas para o setor, como a Lei de Liberdade Econômica e a Lei da Inovação – comenta.
Como otimizar a utilização de recursos?
Segundo o professor, a cidade que evoluir respeitando o meio ambiente e procurando dar condições econômicas e sociais para seu crescimento, estará colaborando para o desenvolvimento de Cidades Inteligentes.
– Segundo a norma ISO 37.122, uma Cidade Inteligente é aquela que acelera as melhorias em seus serviços e proporciona uma melhor qualidade de vida ao cidadão. Responde aos desafios das mudanças nas condições climáticas, aumento populacional e os desafios políticos e econômicos por meio do engajamento do cidadão – explica.
Para Perini, há diversas outras ferramentas que podem facilitar a criação desses centros urbanos:
– Outras formas de alcançar esse objetivo são aplicando metodologias de liderança colaborativa entre os diversos sistemas da cidade, usando dados e tecnologias modernas para entregar melhores serviços para todos, sem, com isso, gerar novas desigualdades sociais ou uma degradação ao meio ambiente.
Entenda o que é e o que diz a Carta Brasileira de Cidades Inteligentes
A Carta Brasileira para Cidades Inteligentes é um documento publicado pelo Governo Federal, que determina as diretrizes para o uso responsável e inovador da transformação digital para um desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo.
– As Cidades Inteligentes precisam ser diversas e justas, colocando as pessoas no centro do desenvolvimento, criando ambientes agradáveis para viver, que equilibrem natureza, construção civil e mundo digital. Devem ser conectadas, inovadoras, inclusivas e acolhedores – destaca Perini.
O Governo Federal salienta em sua publicação que a Carta se dirige a todos, mas especialmente os seguintes públicos: tomadores (as) de decisão em nível local; pessoas que são agentes técnicas e políticas de órgãos públicos dos níveis nacional e estadual; poderes legislativos, nos três níveis de governo; órgãos de controle; pessoas que são profissionais do meio técnico e científico, em instituições de ensino e pesquisa; setor privado, em suas múltiplas formas de organização; além de organizações da sociedade civil.
Tecnologia versus Cidades Inteligentes
Um dos pilares das Cidades Inteligentes, a tecnologia desempenha um papel fundamental para a criação e/ou desenvolvimento das mesmas. Para o professor, ela é uma ferramenta para atingir todos os objetivos já mencionados:
– Ela não deve ser um fim em si, uma Cidade Inteligente não é necessariamente a mais tecnológica, existe uma certa confusão quanto a isso. A tecnologia funciona como um meio para atingir os objetivos maiores, sejam eles relacionados ao meio ambiente, melhoria social, entre outros.
Ele destaca que o papel da tecnologia precisa ser muito mais amplo do que isso:
– Isso (tecnologia) deve ser muito maior do que a relação tecnológica dos serviços, mas sim se ela está, de fato, cumprindo o seu papel no engajamento do cidadão, no aprimoramento da cidadania e, assim, tornando os cidadãos mais inteligentes.
Quais os pilares de uma Cidade Inteligente?
Como explicamos, há diversas dimensões e conceitos-base a serem analisados quando falamos de Cidades Inteligentes e como elas se desenvolvem. No entanto, o professor Perini enfatiza que cada lugar tem suas próprias necessidades:
– As cidades têm características únicas, que as trouxeram até aqui. Caxias, por exemplo, é reconhecida pelo seu empreendedorismo e talvez as experiências nessa área indiquem o caminho de inteligência da cidade.
Sobre os pilares dessas cidades, ele reforça os conceitos destacados anteriormente.
– O principal é a busca pela melhor qualidade de vida do cidadão, por meio de serviços inteligentes e acessíveis de forma universal, transparente e que utilize da informação e dos dados para isso – conclui.
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