
Ainda na adolescência, as artes marciais entraram na vida de Yuri Turchetto, 34 anos, e, entre treinos e campeonatos, se tornaram uma profissão. Atleta de alto rendimento, se formou em Educação Física, fez especialização e começou a atuar como professor. Otimista e dedicado, manteve a confiança e o sorriso no rosto mesmo com o diagnóstico de leucemia, doença que causou a morte do professor no último domingo (13). A despedida de Turchetto ocorreu nesta segunda-feira (14), em Farroupilha.
A trajetória dedicada fez o atleta e professor alcançar vitórias em campeonatos no Estado, no país e no mundo. Medalhista pan-americano de Sambo, bicampeão brasileiro e também campeão no esportivo no Arnold Classic (feira internacional organizada por Arnold Schwarzenegger) foram alguns títulos que mostram o comprometimento que teve com o esporte ao longo da vida.
Além disso, o farroupilhense deixou no coração de quem o conheceu uma marca singela, de ter sido acima de todos os prêmios e medalhas, uma pessoa que abraçava a vida e encontrava diariamente motivos para que ela fosse celebrada.
— Era um homem de inúmeras virtudes e uma pessoa impressionante. Estudioso, fez mestrado em Educação Física, praticava meditação, era equilibrado. Acompanhei o processo dele com a doença e, desde o diagnóstico, há uns três anos, não teve um dia em que vi ele triste ou sem confiar na cura e na melhora. Nunca vi ele se questionando de "por que isso está acontecendo comigo?", sempre confiou que iria vencer. É impressionante o poder de equilíbrio mental que ele tinha. Era um excelente atleta, mas um ser humano ainda melhor. A partida dele é uma perda lastimável — relata o professor e amigo Paulo Nichele.
Os dias sobre os tatames foram inúmeros, ao lado de amigos, professores e alunos. Durante os intervalos do desenvolvimento das próprias habilidades, encontrava tempo para conversar e brincar com quem estivesse por perto.
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— É um privilégio falar sobre o Yuri. Ele foi um grande amigo que a arte marcial e a vida me trouxe. Lembro com carinho das muitas vezes que ficávamos por dias no tatame em treinamento e dos momentos de resenha onde tomávamos chimarrão. As conversas, as risadas e todos os planos para o futuro. Ele foi um grande irmão que deixa um legado de caráter, honra, humildade e exemplo, que todo o artista marcial, professor e ser humano deve ser para a sociedade. Um atleta, um professor e um ser humano de princípios e valores — conta o amigo e atleta Tomas Magno.
Na determinação para se desenvolver e encarar os desafios que precisasse para torneios e campeonatos, o professor tinha foco e estava sempre disposto.
— Pronto para qualquer treinamento e não haviam batalhas grandes o suficiente para impedí-lo. Sempre batia de frente com qualquer dificuldade, transformando-as em aprendizado e evolução. Era exemplo para colegas e alunos. Um estudante do esporte e da Educação Física, que estava sempre buscando o conhecimento, não importando o tamanho do desafio. Jamais será esquecido por àqueles que tiveram o privilégio de estar junto e conhecer esse guerreiro. Que Deus o tenha e o receba de braços abertos — reforça Magno.
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Já lutando contra a doença, o atleta perdeu peso e os cabelos por causa da quimioterapia, mas manteve o foco e a confiança de que iria se recuperar.
Foi aos 16 anos que Turchetto começou a treinar na academia do professor Vanderlei Lottermann. No local, entrou aluno até crescer e se tornar um dos professores.
— Como ele treinava na musculação como aluno, incentivei e ele foi fazer Educação Física. O Yuri era simpático com todos. Quando foi diagnosticado, fez tratamento, melhorou, mas a doença acabou voltando com força. É difícil assimilar a perda, principalmente por se tratar de uma pessoa boa e que prezava pelos bons hábitos. Ninguém imaginava que isso aconteceria — afirma Lottermann.
Yuri Turchetto deixa a esposa, os pais e o irmão, além de inúmeros amigos, alunos e admiradores. A despedida do atleta e professor ocorreu no Cemitério Municipal Nova Vicenza, em Farroupilha.