Um número impactante surgiu na reunião pública que abordou a busca por soluções para o alto número de pessoas em situação de rua em Caxias do Sul. Segundo a Fundação de Assistência Social (FAS), o Cadastro Único (CadÚnico) contabiliza 749 homens e mulheres vivendo em calçadas, prédios abandonados ou terrenos baldios da cidade. Entretanto, o Centro Pop Rua atende até 1,4 mil pessoas nessas condições, ou seja, quase o dobro do projetado. O encontro foi realizado na tarde desta quarta-feira (8) na Câmara de Vereadores.
Apesar do objetivo ser a busca por soluções, não houve encaminhamento de ações na reunião entre parlamentares, o secretário de Segurança Pública, Paulo Roberto da Rosa, a FAS, o Pop Rua, a Brigada Militar, a Guarda Municipal e representantes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e das pessoas em situação de rua.
Na ocasião, o vereador e presidente da Comissão de Segurança Pública e Proteção Social, Alexandre Bortoluz (PP), falou que, apesar de entender que não é uma situação generalizada, são diversos os relatos de vandalismo e arrombamentos que chegam no gabinete. Contudo, o parlamentar não apresentou dados que comprovem essa suposta relação de pessoas em situação de rua e a insegurança.
— Lamentavelmente, entre as pessoas em situação de rua, há criminosos, desordeiros e inconvenientes. Sabemos que não são todos, mas há. As ruas são sujas, a insegurança se faz presente, pessoas e negócios são perturbados — diz Bortoluz.
Também integrante da Comissão, o vereador Sandro Fantinel (PL) defendeu que políticas sobre a situação sejam tratadas junto às pessoas que estão nas ruas.
— Como é que nós, Poder Público, vamos solucionar um problema de uma pessoa que a gente não sabe, na cabeça dela, qual o problema? Nós precisamos escutar ela, conversar com ela, dividir com ela aquela situação que ela se encontra naquele momento, se pôr no lugar dela — afirmou Fantinel.
Dos entraves
Representando a FAS, estava o diretor administrativo, Rafael Vieira. Ele alegou que o orçamento da Fundação é de R$ 100 milhões e que mais de 95% do valor é financiado pela prefeitura. Também opinou que o Estado e a União deveriam ter participação para melhorar o orçamento e, assim, permitir mais ações. Vieira ressaltou o trabalho do Pop Rua, que, por meio de Márcia Fuhr, trouxe a informação que o número de pessoas em situação de rua pode chegar ao dobro do oficial.
— O número é muito maior do que esse 749, então nós temos que pensar em estratégias sim, de fazer esse Censo e acho que, se não sair o Censo pelo IBGE, nós temos que bancar essa construção desse Censo, porque nós não temos — destacou Márcia.
Alguns dos participantes da reunião reclamaram sobre a ausência de representantes de outras pastas do Executivo e que o assunto estava sendo tratado pela Segurança Pública.
— Eu acho que aqui nessa mesa, além de quem está aqui, poderia estar presente, por exemplo, a Secretaria de Habitação, a Secretaria da Cultura, de Esportes e Lazer porque o que o município precisa é ter políticas públicas para a população de situação de rua que são cidadãos e cidadãs como nós — disse a vereadora Rose Frigeri (PT).
Além de não ter encaminhamentos, a reunião foi encerrada sem previsão de um novo encontro para falar sobre o tema.