Um dos espaços mais tradicionais da Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul, está de portas fechadas. A Banca da Ana, ponto de venda de jornais e revistas desde 1967, encerrou as atividades na semana passada e os proprietários iniciaram o processo de devolução da estrutura para a prefeitura, que é responsável pela gestão do espaço público. Em um intervalo de três anos, é o segundo fechamento de bancas de revista na praça.
De acordo com Daniel Furlan, responsável pela Banca da Ana, a decisão de encerrar as atividades foi tomada devido ao baixo movimento no estabelecimento. Há cerca de três anos, segundo ele, o negócio deixou de ser lucrativo e as atividades foram mantidas até o término da Feira do Livro, que reuniu milhares de pessoas na Praça Dante Alighieri durante o mês de outubro. Atualmente, o negócio estava focado na venda de jornais diários, revistas semanais e mensais, gibis, além de loterias.
— Não se vende mais tanto jornal e tanta revista como antes. Era uma época diferente, não é igual hoje. Ultimamente, o nosso maior movimento foi com a venda de figurinhas para o álbum da Copa do Mundo. Depois disso, voltou a cair. Não restou outra decisão a não ser parar, fechar as portas e entregar o ponto — lamentou.
Furlan é filho de Ana Maria Brustolin Furlan, que dá nome à banca. Ele assumiu a administração do espaço junto com os irmãos há cerca de seis anos, quando a mãe se aposentou e se mudou para o Litoral. Os documentos da banca ainda estão no nome dela. Por isso, o processo de devolução do espaço para a prefeitura ainda não avançou. Ainda segundo ele, há mercadorias na estrutura que dependem de negociação com os fornecedores para serem devolvidas e, então, o espaço ser desocupado.
Essa não é a primeira vez que a banca fecha as portas. Em fevereiro de 2019, na gestão de Daniel Guerra, a prefeitura de Caxias do Sul pediu a saída dos proprietários da Banca da Ana e de outros três espaços de venda de jornais e revistas.
A alegação do município era de que as estruturas faziam uso irregular do espaço público. O caso foi parar na Justiça e a saída não teve continuidade após o impeachment de Guerra. Na época, uma estrutura semelhante, também na praça e que chegou a ser uma banca e depois foi ocupada pela Guarda Municipal, foi destruída.
Outro revés no último ano foi um acidente de trânsito que deixou a Banca da Ana fechada por quase um mês. Um veículo atingiu o quiosque em abril de 2022 e derrubou também o relógio que ficava ao lado da banca. Daniel conta que a maior parte do valor do prejuízo foi paga, mas ainda restaram danos na estrutura da banca, inviabilizando a utilização de determinados locas do espaço.
A tradição das bancas de revista ainda segue mantida em outros espaços da cidade, como próximo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central; na Praça João Pessoa, no bairro São Pelegrino; na Igreja dos Capuchinhos e próximo ao Centro Administrativo.