Tem 50 anos um pedaço de papel guardado pela autônoma Flávia Detânico Onzi. É que nele está registrado um autógrafo do maior jogador de futebol de todos os tempos. Pelé, que morreu aos 82 anos nesta quinta-feira (29), deixou o registro para Flávia em uma passagem por Caxias do Sul em 1972, quando ela tinha sete anos. O jogador também assinou o gesso com o qual estava imobilizado o braço quebrado da menina. Esse material foi guardado por décadas até ser extraviado há cerca de 15 anos.
Flávia conta que, quando recebeu os autógrafos, sequer tinha a dimensão da importância do momento. Mesmo assim, guardou na memória o que aconteceu. A lembrança remete a uma multidão na Festa da Uva, no dia 19 de fevereiro de 1972. A garota com o braço direito quebrado chamou a atenção do rei:
— Ele estava num palco e eu estava no chão com a minha mãe, com a minha família. Eu tinha o bracinho quebrado, tinha o gesso, e foi então que, quando ele viu, pediu pra minha mãe que me alcançasse no colo. Então, ele subiu comigo no palco e me deu o autógrafo no meu gesso e num papel. Eu, para te dizer bem a verdade, com sete aninhos, não sabia quem era Pelé. A personalidade, a pessoa, o famoso Pelé, aquilo ainda não era assim pra mim... Isso foi depois, quando eu fui crescendo, que fui lembrando do acontecido.
Se a menina ainda viria a entender o significado daquele autógrafo, o certo é que os pais, Wilma e Herry Detânico, já compreendiam bem o que tinha acontecido. O pai dela, em especial, mantinha uma proximidade com o mundo do futebol, já que foi zagueiro no então Flamengo, hoje Caxias.
— Então, para o meu pai, aquilo é uma coisa que foi muito marcante. O Pelé era uma personalidade pra ele, né?!