A busca dos moradores de Caxias do Sul por testes gratuitos de covid-19 é intensa desde o início do ano, quando o deslocamento de pessoas com sintomas respiratórios às unidades básicas de saúde (UBSs) quase triplicou no município. O panorama da última semana de janeiro segue no mesmo patamar.
Desde o início do mês até o último domingo, 3.782 pessoas haviam procurado atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte em decorrência de sintomas respiratórios, o que representa um aumento de 180% em comparação com dezembro, quando 1.350 pessoas procuraram a unidade. Nesta terça-feira (25) à tarde, cerca de 40 pessoas esperavam por atendimento no local para realizar a testagem.
Entre elas, Jennifer Ceretta, 22 anos, que esperou uma hora e meia pela triagem e já aguardava havia duas horas para ser chamada para a consulta.
— Imaginei que seria mais rápido e na UBS do Desvio Rizzo (onde mora) não estavam mais fazendo testagem — disse.
O cenário era parecido na Unidade de Pronto Atendimento Central, onde são atendidas, em média, 230 pessoas por dia com sintomas de problemas respiratórios. Antes do pico da variante Ômicron, esse número não passava de 120.
Na terça-feira à tarde já não havia mais espaço na parte interna da UPA Central e algumas pessoas esperavam na calçada e se abrigavam do calor onde conseguiam, já que a tenda montada do lado de fora aumentava ainda mais a sensação térmica. Anderson Elias Pereira, 35, aguardava a mulher, que já estava no terceiro local à procura do teste.
— Fomos à UBS Cinquentenário e não conseguimos por ela ter apenas três dias de sintomas. Na UBS do Desvio Rizzo não conseguimos uma ficha e, agora, estamos aqui há mais de três horas — reforça.
Diante da alta procura, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) admitiu a incapacidade de atender toda a demanda e divulgou, ainda na semana passada, critérios para a testagem contra a covid-19. Idosos, gestantes e trabalhadores em geral são atendidos de forma prioritária.
Quem procura pela testagem nas farmácias de Caxias do Sul também precisa pesquisar o local que ainda tem disponibilidade. Na Farmácia Central, por exemplo, os testes se esgotaram no sábado (23) e a reposição não é prevista tão cedo pelo gerente, Francisco Grazziotin.
— A prioridade dos fornecedores são os hospitais e os municípios. Não sabemos quando os testes voltarão a ser oferecidos.
Ainda na Farmácia Central, o Tamiflu, medicamento que trata as variações do vírus influenza/gripe segue em falta nas prateleiras, assim como em outros locais da cidade.
—Nunca tivemos grandes estoques por se tratar de um remédio caro. Mas todos os dias aparece gente procurando — garante Grazziotin.
Já na rede de Farmácias São João, os estoques de Tamiflu podem apresentar instabilidade entre uma unidade e outra, mas seguem disponíveis. A testagem para a covid-19 também está, por enquanto, disponível na rede, ainda que a procura não tenha diminuído em nenhum momento durante este mês.
Segundo a SMS, a reposição dos testes gratuitos é garantida pelo governo do Estado conforme a demanda de cada município. O serviço de testagem segue sendo realizado de segunda a sexta-feira nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) apenas para pessoas sintomáticas, com exceção das UBSs Bela Vista, Belo Horizonte, Mariani, Parque Oásis, Pioneiro, Planalto Rio Branco, São Caetano, São Leopoldo e Século XX, que estão aplicando vacinas em crianças de cinco a 11 anos.