Os funcionários dos Correios, especialmente, carteiros, atendentes e operadores de triagem de Caxias do Sul estão trabalhando normalmente desde a última quarta-feira (23), após o fim da greve que começou em 17 de agosto. Mesmo com o retorno, os clientes ainda precisam ter paciência para enfrentar à espera por correspondências e encomendas. Depois de mais de 30 dias de paralisação a demanda aumentou ainda mais, e os atrasos são frequentes.
Morador do bairro Santa Corona, o aposentado José Edivaldo de Amorim, 58 anos, chegou a agência dos Correios, no Centro, logo depois das 9h desta quinta-feira (24). Ele é um dos clientes que tem enfrentando problemas, até mesmo, para conseguir pagar contas.
— Tive que me virar, porque há mais de um mês não chega correspondências na minha casa. Fui até uma lan house para imprimir os boletos e pagar as contas. Se não correr atrás nem as contas em dia consigo pagar. É bem complicada essa situação — desabafa.
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Na agência, cerca de seis pessoas aguardavam atendimento. Entre elas, o jovem Gabriel Matias, 18. Morador do Charqueadas ele trabalha como office boy:
— Com a greve teve muito atraso. Fiz compras pela internet de livros que preciso para a faculdade e até agora não chegaram, e deviam ter sido retirados já e quando rastreio a encomenda ainda está em São Paulo. O prazo estimado pela companhia para a entrega é de mais 15 dias. Tem que ter muita paciência.
Ele conta que no trabalho também tem enfrentado atrasos no envio de correspondências.
— Na empresa fizeram postagens de produtos e não chegaram para os clientes que tem reclamado da demora — afirma.
Atendimento em AGF e em uma terceirizada dos Correios seguiu normalmente
A reportagem também esteve em uma Agência dos Correios franqueada (AGF) e em uma terceirizada para verificar como estava o atendimento aos clientes e se a greve da categoria impactou os serviços. Nestes locais, os funcionários não são vinculados aos Correios. No entanto, tanto na AGF do bairro Rio Branco, quanto na terceirizada do Bom Pastor, alguns clientes deixaram de postar correspondências ou encomendas por receio de que demorassem ou não chegassem ao destino.
Esses pontos são usados para postagem, então mesmo com a paralisação dos funcionários, as coletas eram feitas todos os dias pelos Correios. Isso significa que as mercadorias e correspondências eram levadas para o Centro de Distribuição. Contudo, com a paralisação de operadores de triagem, atendentes e carteiros, nesse ponto, as entregas podem ter parado, e assim elas seguem atrasadas, já que os funcionários encerraram a greve há dois dias.
CONTRAPONTO
Por meio de nota, a empresa afirma que os Correios seguem executando o plano de continuidade do negócio, com a realização de mutirões de entrega, inclusive em fins de semana e feriados:
"Com o retorno dos trabalhadores que estavam paralisados e a compensação das horas não trabalhadas, medida determinada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), a empresa pretende ampliar a capacidade operacional e normalizar o mais rápido possível o fluxo de entregas de cartas e encomendas em todo país.
Por isso, a população deve aguardar a entrega de cartas e encomendas em sua residência. Quando as encomendas ou correspondências precisam ser retiradas nas unidades, o destinatário é informado através de aviso entregue em seu endereço ou pelo sistema de rastreamento.
Também é importante destacar que a rede de atendimento dos Correios permanece aberta e os serviços, inclusive o SEDEX e o PAC, continuam disponíveis. As postagens com hora marcada seguem temporariamente suspensas - medida em vigor desde o anúncio da pandemia.
A empresa está à disposição para prestar informações e receber solicitações através de sua Central de Atendimento, com diversos canais para contato - sempre que necessário, a população pode se dirigir a eles pelos telefones 3003-0100 e 0800 725 0100 ou pelo endereço http://www.correios.com.br/fale-com-os-correios."
FIM DA GREVE
Após realizar assembleias em todo o país, os sindicatos que representam os funcionários dos Correios decidiram acatar a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e determinaram o fim da greve dos Correios a partir das 22h desta terça-feira (22). De acordo com a decisão, os empregados deveriam voltar ao trabalho na quarta-feira sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. O TST também determinou reajuste de 2,6% de correção salarial à categoria. Com a definição, cerca de 70% dos funcionários de setores operacionais retornaram ao trabalho na Serra. Ainda conforme a decisão do TST, metade dos dias de greve será descontado dos salários dos grevistas e outra parte será compensada. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentect), foram retiradas 70 cláusulas de direitos em relação ao acordo anterior, como questões envolvendo adicional de risco, licença-maternidade, indenização por morte e auxílio-creche.
Para o presidente do Sintect no estado, Alexandre Nunes, a decisão do Tribunal é negativa:
— Foi uma perda inestimável para a categoria. Cláusulas como prorrogação de licença-maternidade e extensão do período de amamentação foram afetadas.