Com a chegada de dias mais quentes, previstos para este mês, e o calor registrado na última semana, aumenta a preocupação do poder público e dos especialistas em saúde com as frequentes aglomerações em Caxias do Sul. Para tentar reduzir a concentração de grupos, algumas vezes sem máscaras, e muito próximos uns dos outros, em áreas públicas, a prefeitura decidiu focar em fiscalizações com equipes reforçadas para dispersar as pessoas. A estratégia foi avaliada na última quinta-feira (27) e colocada em prática durante o final de semana. A avaliação do diretor de Fiscalização da Secretaria de Urbanismo (SMU) de Caxias do Sul, Rodrigo Lazzarotto, é de que a ação foi positiva, e resultou em menos flagrantes.
- Reduziu bastante em relação à semana passada. Circulamos com a viatura da Fiscalização, duas da Guarda Municipal e uma da Fiscalização de Trânsito. Isso causa efeito cascata e as pessoas visualizam o comboio e acabam passando informações em grupos de conversa e saem das ruas. As saídas em comboio dispersaram as aglomerações.
As frequentes festas clandestinas, jogos de futebol e concentração de jovens e adultos nos postos de gasolina têm chamado atenção nos últimos finais de semana em Caxias do Sul. Apesar do decreto que determina distanciamento, os números de flagrantes indicam que parte da comunidade não respeita as regras de combate à disseminação do coronavírus. A concentração de pessoas também é alta em shoppings. Um deles estava lotado no sábado à tarde, sem respeitar o distanciamento mínimo de dois metros entre cada pessoa, e em restaurantes com mesas ao ar livre, praças e parques.
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Lazzarotto aponta que a redução do número de pessoas, principalmente em postos de combustíveis, foi perceptível se comparada aos finais de semana anteriores:
- Essas força-tarefas grandes fazem as pessoas respeitarem mais. Em um posto, por exemplo, havia um grande número de motociclistas, que saíram assim que avistaram o comboio. Claro que, ao ver os carros, as pessoas informam os demais e, ao chegar em outros postos, os espaços estavam praticamente vazios.
Nesse local, a Fiscalização de Trânsito guinchou três veículos porque os motoristas estavam bebendo. Na sexta (28) à noite, 25 pessoas foram notificadas nas ações por estarem sem máscara e cinco por consumo de bebidas alcoólicas. Um pub também foi notificado e uma quadra de futebol sete interditada. As ações foram repetidas no sábado (29), quando 17 veículos foram autuados e sete recolhidos.
- Vamos manter as ações nesse formato no verão, porque sabemos que vai aumentar o número de organizações. Mesmo que a gente não consiga ir em todos os postos, parques e praças, só naqueles de maior número de denúncias, sabemos que a notícia se espalharia e causaria esse efeito positivo, porque as pessoas deixam de ficar concentradas em um ponto, e aglomeradas - diz ele.
JARDIM BOTÂNICO TAMBÉM FOI ALVO DA AÇÃO
O Jardim Botânico também foi um dos alvos da Operação Dispersão durante o sábado (29). Mais de 150 pessoas passavam o dia no espaço, que segue com os portões fechados, e portanto, não é permitida a entrada.
- Eles foram orientados a voltarem para casa, e muitas pessoas saíram correndo ao ver a equipe chegando - afirma o diretor de Fiscalização da Secretaria de Urbanismo (SMU) de Caxias do Sul, Rodrigo Lazzarotto.
Uma das maiores preocupações com as aglomerações é que, de acordo com o painel covid-19 da prefeitura, as duas faixas etárias com o maior número de infectados são os jovens de 19 a 29 anos e os adultos dos 30 aos 39. São 1.386 adultos e 1.075 casos até esta segunda-feira, de um total de 5.496 infectados.
Ao observar os números fica claro que os jovens são os que se movimentam mais, os que se reúnem mais e também os mais difíceis de fazer atender os protocolos de saúde.
- Basta analisar o perfil dos frequentadores de festas clandestinas flagradas no município: são jovens. Essa faixa etária também é de mão de obra e esses jovens saem para trabalhar - ressalta a diretora das Vigilâncias em Saúde de Caxias do Sul, Juliana Argenta Calloni.
Esse público é o que mais se contamina, mas como dificilmente são internados parece existir a crença de que o vírus está sob controle.
- O problema é que é essa faixa etária se torna responsável pela transmissão do vírus para os grupos de risco, que são pessoas que geralmente têm o quadro agravado, são internados e nem sempre resistem à doença. Eles infectam os pais e os avós porque geralmente é o familiar que contamina o idoso - aponta Juliana.
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