Correção: A prefeitura de Caxias já contratou o IPT para atualizar o mapa das áreas de risco da cidade. A informação errada de que o contrato ainda seria assinado foi repassada pelo secretário de Habitação, Carlos Giovani Fontana, e permaneceu publicada das 18h49min às 21h25min.
Desvio Rizzo, São Vitor Cohab, Planalto, Fátima e Mariani. Os cinco bairros são pontos recorrentes de alagamentos, deslizamentos de encosta e desabamento de moradias em Caxias do Sul. Nesta quarta-feira, eles figuraram na lista de locais inspecionados pela Defesa Civil e secretarias de Habitação e de Obras e Serviços Públicos do município. Mas, a cidade tem outros bairros com o mesmo tipo de problemas. Em abril de 2019, também estavam no radar da Defesa Civil, as comunidades do Madureira, de Nossa Senhora das Graças, do Cidade Nova, de Galópolis, do Charqueadas, do Esplanada e do Monte Carmelo. À época, a região foi atingida por forte chuva e contabilizou prejuízos semelhante ao que ocorreu agora. Só que desta vez a vida de um homem foi perdida.
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A morte de Geisson Maximovitz, 35 anos, na noite da última terça, evidenciou um problema com o qual a cidade convive há pelo menos uma década: apesar de conhecer os pontos críticos do município, a prefeitura não tem um levantamento atualizado das áreas de risco que norteie políticas públicas de enfrentamento. Em 2019, a então gestão municipal chegou a anunciar um mapeamento que seria georreferenciado e serviria como subsídio de informações, mas, de lá para cá, pouco se avançou pelo que se sabe.
Segundo o secretário de Habitação, Carlos Giovani Fontana, as intervenções do município têm sido baseadas em um plano elaborado há mais de 10 anos.
– Foi o que norteou todas as ações de infraestrutura que foram implementadas pelo poder público municipal, seja na parte de drenagem, de contenções e remoções. Muito foi feito, mas não o suficiente. Este plano está obsoleto – declarou o gestor.
A prefeitura licitou e contratou neste ano o Instituto de Pesquisa Tecnológica, de São Paulo, para, justamente, atualizar o levantamento das áreas de risco do município.
É provável que grande parte do bairro Planalto conste nesse mapeamento. O presidente da Associação dos Moradores do Bairro (Amob) Planalto 1, Edison Borges, estima que 40% da região do Planalto, que inclui outros núcleos habitacionais, sejam ocupados por moradias irregulares. Parte delas construídas junto à encostas ou ao arroio que cruza o lugar. Na semana passada, quando a cidade foi atingida por um ciclone-bomba, acompanhado de intensa chuva, o muro de contenção que mantinha estável a casa de Roseneia Schuttel, 35 anos, no Planalto, desmoronou. Ela, o marido, o filho e a mãe dela tiveram de sair às pressas da casa. Desde então, alguns deles estão alojados na residência do pai de Roseneia, Laurindo Schuttel, 58, e os objetos foram espalhados em garagens e locais improvisados. Entre eles, apenas Roseneia tem emprego e a família não tem condições de reerguer o muro que liberaria o imóvel para ser utilizado.
– A casa corre risco, não dá nem para entrar, pode ceder, cair tudo – lamentou Laurindo.
A situação da família Schuttel é o retrato do que acontece com milhares de moradores de Caxias. Atualmente, o setor de assistência da Secretaria de Habitação tem contabilizadas 22 mil famílias que moram em locais impróprios, ou seja, ou estão em local de risco ou em casas de condições precárias.