São mais de 690 animais sem nome, sem donos, sem um lar. Eles esperam por uma casa, querem correr livres de correntes e brincar com uma bola. Todos vivem no Canil Municipal de Caxias do Sul e estão à espera de carinho e de um cantinho no quintal ou dentro de casa para chamar de seu. A nova campanha Adote por Amor uniu as ONGs Grupo de Apoio Pet (GAP), Help Vira Latas, SOS Peludos, a Associação VIDA e a prefeitura para encontrar um lar para cada um dos animais que vivem no abrigo. Muitos deles já tiveram donos e foram abandonados ou fugiram e se perderam. Outros nasceram, cresceram e vão morrer no canil.
Com o tema "698 corações em espera", a ação começou em 20 de maio, com a divulgação de um vídeo e fotos nas redes sociais para sensibilizar à população. A Tonificante Agência de Marketing e a Luvi Filmes foram os responsáveis pela produção. Em meio à pandemia de coronavírus e ao isolamento social, no vídeo, a narração de Ricardo Brisotto faz uma comparação com o tempo sem sair de casa, em que as pessoas sentem falta de liberdade e se sentem presas, com os animais que vivem amarrados e confinados e que, mesmo quando a pandemia passar, vão seguir à espera de adoção. As imagens e fotos emocionam e sensibilizam as pessoas para que olhem os animais com o coração e para que abram suas casas para mudar um destino e salvar uma vida.
A ideia é mostrar a realidade em que vivem cães e gatos longe do convívio e do cuidado de uma família. Praticamente invisíveis, já que recebem poucas visitas, os bichos não têm a chance de serem adotados e encontrarem um novo lar. Pensando no bem-estar deles, a campanha quer tocar os corações dos caxienses para esvaziar o canil. Desde o lançamento, quatro gatos e dois cães ganharam um lar.
Duas das voluntárias engajadas em tirar os animais do canil, principalmente os mais velhos, começaram o trabalho de divulgação antes do lançamento oficial da campanha. Camila De Blanco, da Dogspa Pet Shop, e Cíntia Carvalho, da Mimos Pet Shop, iam até o canil para dar banho e tosar os animais. Em seguida, elas postavam fotos do antes e depois nas redes sociais em busca de adoção.
- Consegui doar três cães que moravam no canil. Doei uma idosa e dois cães de seis anos antes da campanha ser lançada. Vou continuar com os banhos e ajudando a divulgar cada um deles para que encontrem um lar. Com as postagens e, agora a campanha, os animais são vistos, isso facilita a adoção já que muitos passam a vida toda no canil sem serem adotados - afirma Camila.
Ela contatou a advogada Aline Rech De Camillis, uma das representantes do GAP, e sugeriu a ideia de promover uma campanha para doar os animais. Aline levou a iniciativa adiante e contou com o auxílio de outras ONGs e do município:
- Percebemos que outras ONGs estavam engajadas em esvaziar o canil. Nos unimos e, com ajuda de voluntários e da prefeitura, lançamos a campanha de adoção. São 698 coraçõezinhos à espera. Queremos que este número caia, que cada um consiga um lar com muito amor, carinho e responsabilidade. A prefeitura abriu os portões para que possamos doar os cães. É um grupo que está se doando para que cada um encontre um lar.
A campanha também está no site da prefeitura, em um link de fácil acesso na capa do portal. Lá, as pessoas têm acesso a fotos e todas as informações de como adotar. A empresa Infront cedeu um painel digital na Perimetral Norte para manter a comunidade atualizada do número de adoções, e incentivar mais pessoas a abrir o coração e adotar um animal.
- Estamos com um painel de contagem que foi cedido, sem custos, e está na Perimetral para chamar mais atenção para a campanha. É um trabalho de muita mãos para encontrar um lar para cada um desses animais - destaca Aline.
O diretor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Paulo César Rodrigues dos Santos, afirma que mesmo que estejam bem cuidados, com alimentação e água, o canil não é o ideal para os animais.
- Está chegando o inverno, a gente sabe que as instalações do canil não são as ideais. Na verdade, o canil dificilmente vai ter uma instalação ideal. Eles estão bem cuidados, protegidos, porém nós temos ainda alguns cães que estão em correntes. Temos animais que vão viver trancafiados para o resto de suas vidas. Tem animais que entraram lá filhotes e vão sair quando morrerem, infelizmente. O poder público não vai conseguir resolver os problemas sozinho e as ONGs também não. É uma luta contínua.
Adoção responsável
A campanha se preocupa também com a adoção responsável. Santos explica que há uma seleção em conjunto com as ONGs, com entrevistas bastante adequadas, para que esses animais saiam para permanecer na casa das pessoas.
- Pensamos nessa situação toda (pandemia). Que as pessoas estão mais em casa, talvez precisando de uma companhia, então porque não a companhia de um dos nossos cães ou gatos? Pensamos em dar ênfase na campanha aproveitando este momento. Há todo um cuidado que não seja algo frustrante nem para a pessoa que está levando o animal, nem para o animal de sair e ter que voltar para o canil. A ideia é doar o maior número de animais possíveis.
Aline complementa:
- Buscamos a posse responsável, por isso as entrevistas são essenciais no processo de adoção. Essas conversas têm reduzido a devolução ou novos casos de abandono.
COMO ADOTAR
Há um link no site da prefeitura com um formulário de adoção. Os interessados também podem agendar visitas ao canil com uma das ONGs parceiras da campanha pelo Facebook ou WhatsApp. As ONG's irão se revezar aos sábados pela manhã no atendimento para mostrar os animais:
GAP Grupo de Apoio Pet
:: https://www.facebook.com/gapgrupodeapoiopet/
:: Cíntia Carvalho (99159.5303) e Aline Rech De Camillis (99101.5304)
Voluntários Independentes Defendendo os Animais (Vida)
:: https://www.facebook.com/associacaovidacxs/
:: Tatiana Furlan (98133.7117)
Help Vira Latas
:: https://www.facebook.com/helpviralatas/
:: Claudia Tormes (99980.2821) e Elisa Zanolla (99992.6544)
SOS Peludos
:: https://www.facebook.com/SOS-Peludos-328769070829618/
:: Carolina Gobbato Mota (98113.4445) e Nathalia Gobbato Mota (98102.4663)