A inclusão social de pessoas com deficiência e idosos por meio do desporto e lazer está prestes a ser consolidada em Bento Gonçalves. O projeto do Vilarejo de Integração, idealizado pela Associação Anjos Unidos ainda em 2016, começou a sair do papel, com a preparação do terreno de quatro hectares localizado no Caminhos de Pedra, interior do município. Viabilizado por meio de investimento privado e também com apoio de parceiros que ainda podem colaborar com o projeto, o local contará com espaços de integração, fisioterapia e lazer. A conclusão da obra ainda não tem data definida.
Cabanas para estadias, salão de festas, espaço para fisioterapia, café, brinquedoteca, quiosque, coreto, pistas para bicicleta e kart adaptados, tirolesa e até uma casa na árvore adaptada, claro_ integram o projeto arquitetônico do parque, desenvolvido de forma voluntária pela Projeto 3 - Design e Arquitetura de Bento Gonçalves. O valor da obra é estimado em R$ 3 milhões. A proposta que vai além da acessibilidade, prevê a inclusão real de pessoas com todos os tipos de deficiência e também idosos, em um espaço que aproveita os recursos naturais da localidade, como um rio que corta a propriedade e terá um acesso para banho.
— É um projeto completamente pensado para que essas pessoas e seus familiares curtam o espaço, que é lindo. O dia a dia deles costuma ser muito voltado para o cuidado e o que a gente quis foi aliar isso ao lazer — relata o arquiteto Daniel Camera, que assina o projeto juntamente com seu sócio, também arquiteto, Fernando Sperotto.
O desenvolvimento do projeto já conta com a parceria de outros profissionais e está aberto a apoiadores (físicos e jurídicos) que queiram construir as cabanas.
Anjos que se uniram
Formada há quatro anos a partir da iniciativa de uma família bento-gonçalvense, a Anjos Unidos conta atualmente com 100 voluntários e realiza uma série de ações voltadas à inclusão social de pessoas com deficiência. Campanhas de Natal, passeios adaptados, integração familiar e fisioterapia são algumas das iniciativas desenvolvidas pela organização, que também disponibiliza cadeira de rodas, muletas, guinchos de elevação, andadores, macacões de mobilidade, e outros equipamentos adquiridos por meio de campanhas de arrecadação de lacres e tampinhas. Atualmente são cerca de 100 equipamentos emprestados.
— Desde o início nossa ideia foi de poder levar algo diferente para as pessoas com deficiência. Só quem presencia sabe a alegria que eles sentem por vivenciarem isso. Não tem preço que pague — relata o presidente da associação, Alcindo Riviera.
É por meio de sua empresa, a metalúrgica França, que equipamentos de acessibilidade, além de charretes, karts, quadriciclos e bicicletas, são adaptados para o uso dos beneficiados e seus familiares.
Da necessidade de uma pista para o uso dos equipamentos adaptados surgiu a ideia do parque que contempla ainda outra outras atividades promovidas pela associação. O local funcionará como um centro de referência, cultura e lazer para pessoas com deficiência, idosos e seus familiares.
— Será o primeiro parque 100% adaptado do Brasil, quem sabe até da América Latina — afirma o idealizador.
Equoterapia mecânica
De forma inédita, a empresa — que essencialmente fabrica maquinário para empresas moveleiras — também está desenvolvendo um simulador de equoterapia tridimensional que será instalado no parque. O protótipo do cavalo mecânico está em sua quarta versão, já patenteado, e encontra-se em fase de desenvolvimento com apoio de uma equipe da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves.
— Começou numa brincadeira, uma máquina acabou voltando e pensamos em fazer o cavalo pras crianças brincarem. Acabou tornando-se um equipamento para equoterapia, que simula todos os movimentos do cavalo e pode será instalado em um espaço interno, não dependendo do clima.