Comoção, tristeza e revolta marcaram a cerimônia de despedida de Fernanda Xavier Sosso, 33 anos e Otávio Xavier Ceconi, dois anos, mortos em acidente na madrugada de domingo (20) em Caxias do Sul. Centenas de pessoas lotaram a capela da Igreja do Cruzeiro nesta segunda-feira (21). O número de pessoas aumentou ao longo da manhã, tanto que mãe e filho foram levados da capela para a igreja onde o velório seguiu até às 11h.
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Um dos momentos mais tristes aconteceu por volta das 9h30min, com a chegada de Kauã Xavier Cassânego, 14, filho de Fernanda, que também estava no veículo. Amigos do adolescente estiveram na Igreja para confortar o jovem. Ele recebeu alta do hospital da Unimed na manhã desta segunda. Júlio Ceconi, 36, que dirigia o carro, marido de Fernanda e pai de Otavio Xavier Ceconi, permanece internado em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Pompéia.
O acidente, que matou mãe e filho, ocorreu por volta de 1h40min. O motorista do veículo que atingiu o carro das vítimas era um adolescente de 17 anos que foi apreendido por homicídio culposo - caracterizado pela falta de habilitação e sinais de embriaguez. Até o final da manhã desta segunda, ele seguia recolhido no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case).
O primo de Júlio, Jéverson Cecconi, não segurou as lágrimas ao falar de Otávio.
— A família está arrasada. Meu primo está no hospital e estamos muito abalados e chocados, porque a Fernanda e uma criança de dois anos morreu. O Otávio era tudo para o Júlio. Logo depois do acidente ele estava consciente e pedia salva meu filho. Salva a minha família. Ele não sabe ainda que eles faleceram. Esperamos justiça — pede o primo.
A irmã de Jéverson, Elisângela Ceconni, afirmou que família ainda não acredita no que aconteceu:
— Estamos revoltados e inconsoláveis. Não sabemos se meu primo vai conseguir se recuperar. É um momento muito triste e difícil — desabafa, ela.
Até mesmo o padre Renato Ariotti se emocionou durante a cerimônia. Religioso há 33 anos, confessou que esse é um dos momentos em que não sabia o que dizer. Ele pediu a família que se unam e sejam solidários, inclusive, com a família do adolescente que dirigia o outro carro.
— Hoje é um dia em que não sei ao certo o que dizer e o que fazer. Vem a cabeça a música Trem Bala. Sei que não queremos esse tipo de morte, que há revolta, mas não podemos julgar e rezo também para a mãe deste adolescente. Vamos rezar e orar pelas nossas famílias.
Com a voz embargada pediu que dessem adeus ao menino Otávio e que os presentes aplaudissem Fernanda e a criança.
Uma salva de palmas encerrou a cerimônia de despedida. Mãe e filho foram sepultados no Cemitério de Santos Anjos. A missa de sétimo dia está marcada para às 9h do domingo (27), na Igreja do Cruzeiro.