Em meio aos problemas de inadimplência, invasões e apartamentos vazios nos loteamentos populares de Caxias do Sul, o condomínio Campos da Serra 10, com 140 famílias, é citado como exemplo do que dá certo. O índice de invasão ou abandono é considerado baixo e os prédios estão com a manutenção em dia. A limpeza e a jardinagem são mantidas normalmente e as unidades têm 180 câmeras de monitoramento.
— Sou moradora há quatro anos e tenho orgulho de morar aqui. É o melhor lugar do mundo — ressalta Silvia Andreatta.
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O Rota Nova, no loteamento Mattioda, reúne 420 famílias e virou referência para a Caixa. A inadimplência do condomínio é baixa, entre 7% e 12%, e há dinheiro para investimentos em segurança e portaria _ os veículos acessam o estacionamento por meio de uma TAG.
Qual a semelhança entre as duas comunidades: a gestão dos condomínios é realizada por uma empresa.
A situação relativamente confortável de hoje remete ao passado. Os reassentamentos colocaram num mesmo ambiente famílias que passaram uma vida toda vivendo em locais sem organização coletiva e com culturas diferentes. Embora a prefeitura tenha realizado um trabalho social e de orientação com moradores antes da mudança para os loteamentos populares, a adaptação nem sempre foi fácil. Milhares de pessoas passaram a viver num habitat estruturado para morar, mas distante de serviços básicos. De repente, mães que nunca pagaram taxas de condomínio na vida passaram a ter uma obrigação financeira mesmo sem renda fixa. A falta de ocupação de crianças e adolescentes, a inexistência de referências como escolas, áreas de esporte ou equipamentos culturais contribuíram para um ambiente desfavorável para a convivência e para a construção de um senso de responsabilidade mútuo. Soma-se a isso a decisão que delegou a gerência dos condomínios a moradores sem experiência em administração, gerando rombos em caixa.
— A administração deveria ter começado com uma empresa e só depois, com a experiência adquirida, ter passado para os moradores.
CANAL PARA DENÚNCIAS
A Secretaria Municipal de Habitação, responsável pela seleção das famílias dos programas habitacionais, reiterou que faz a fiscalização nos condomínios populares de forma rotineira ou motivada por denúncias. A pasta informou os números para que a população informe as irregularidades: 156 (Alô Caxias) ou 153 (Guarda Municipal).
Em resposta por email, o secretário Claudir Bittencourt informa que "quando se constata abandono, aluguel, comércio ou outras irregularidades relacionadas aos imóveis, imediatamente as providências administrativas e/ou judiciais são adotadas, bem como a indicação de outro núcleo familiar para a ocupação, quando for o caso". Ele não detalhou como é realizado o trabalho.
Em relação à inadimplência dos condomínios, a secretaria ressalta que a gestão é responsabilidade dos moradores, não cabendo ao município intervir.
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