O diagnóstico mais preciso de células tumorais ganha um forte aliado na Serra. Desde o início do ano, um laboratório caxiense coleta e interpreta um exame que ganhou popularidade no país há pouco tempo: a biópsia líquida. Trata-se de um exame de sangue cujo resultado fica pronto em poucas horas e concentra informações importantes para tratamentos mais certeiros. Exemplo: por meio da biópsia líquida, feita geralmente após o câncer já ter sido diagnosticado, é possível saber se o paciente pode responder a determinada terapia, como quimioterapia ou radioterapia. Segundo especialistas, por enquanto, o método é indicado para casos de tumor de pulmão. No entanto, nos Estados Unidos, o exame é praticado já em casos de câncer de mama - ele consegue indicar riscos de metástase nesta enfermidade.
O equipamento é o mesmo adquirido pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. De acordo com a coordenadora médica da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital Geral, a oncologista Rita de Cassia Costamilan, geralmente, o diagnóstico de tumores ocorre através da retirada de fragmentos dos tumores e outros exames. Por isso, a biópsia líquida também reduz a intervenção ao paciente e, por consequência, menos invasiva.
— Existem vários fatores favoráveis para a realização da biópsia líquida: é um exame não invasivo, é coletado exame de sangue do paciente, extraído o plasma e analisado em aparelhos que contem plataformas específicas para a leitura; também pode ser realizada com mais frequência — enumera.
Em casos de pacientes com câncer de pulmão, por exemplo, a confirmação do diagnóstico costuma ser bastante doloroso, conforme explica a médica Aline Tregnago, diretora do Centro de Patologia Médica (CPM), laboratório que adquiriu o equipamento.
— Geralmente, o paciente tem que ficar sem respirar no tomógrafo e são inseridas agulhas nas costelas. A biópsia líquida poupa ele de tudo isso. O assunto ainda não é tão abordado na mídia, mas no meio médico, é a opção mais eficiente e comentada no mundo inteiro. É a biópsia líquida que indicará a terapia correta para os casos corretos — descreve a médica.
Só disponível na rede privada
A biópsia líquida é resultado de décadas de pesquisa sobre a genética do câncer. A informação é da Fundação do Câncer, instituição carioca sem fins lucrativos que capta recursos e investe em prevenção e diagnóstico da doença. Ainda de acordo com a entidade, a biópsia líquida é uma fusão de técnicas que identificam pedaços muito pequenos de DNA em circulação no sangue. A elas se soma o conhecimento de um número progressivamente maior de mutações associadas a tumores. O exame chegou ao país em 2016.
Este exame de sangue não substitui a biópsia convencional, mas tem função primordial para acompanhar a evolução do tumor - em uma frequência semanal ou mensal, por exemplo - e antecipar o surgimento de células resistentes. Por enquanto, ele ainda é fornecido no sistema particular. Em Caxias, o custo dele parte de R$ 1,8 mil.
— Existem só 30 ou 40 máquinas destas no país e um dos diferenciais importantes é que, em exames convencionais, é levado até uma semana para o resultado. Neste, de duas a quatro horas, já temos o resultado — afirma a médica Aline Tregnago.