Às vésperas do Dia Mundial da Tuberculose, neste domingo, 24 de março, um dado preocupante é divulgado pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde: cresceu 35% o número de novos casos de tuberculose em Caxias do Sul nos últimos cinco anos. Em 2014, eram 148. Em 2018, 201. Foram 24 mortes em decorrência da doença no ano passado e 28 em 2017.
Conforme a médica infectologista Bruna Kochhann Menezes, o aumento no número de casos está relacionado à negligência da população. Por preconceito, muitas pessoas acabam não procurando ajuda médica ou buscando tarde demais.
Embora grupos populacionais como indígenas, detentos, pessoas com HIV/Aids, moradores de rua e usuários de drogas estejam mais vulneráveis à tuberculose devido às condições de saúde, qualquer pessoa pode contrair a doença.
— É um estigma que precisa ser desfeito — ressalta Bruna.
Sintomas como tosse sem ou com escarro por mais de três semanas, dor no peito, falta de apetite, emagrecimento, suores noturnos, cansaço e febre baixa, geralmente à tarde, são sinais de alerta que devem fazer o paciente procurar um médico para o diagnóstico e início do tratamento.
— É preciso procurar assistência e cuidar para não infectar outras pessoas. Tratar a tuberculose é fácil. O difícil é a conscientização — reforça Bruna.
Causada pelo bacilo de Koch, a tuberculose é contagiosa e pode ser transmitida de uma pessoa para outra por meio do ar. A doença geralmente atinge os pulmões, mas também pode atingir outras partes do corpo, como ossos, rins e meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro.
É importante não abandonar o tratamento
Quando um paciente com tuberculose abandona o tratamento, não há como ser retomado de onde parou. É preciso começar tudo de novo. O principal motivo, segundo autoridades médicas, é a dificuldade em seguir o tratamento à risca por conta, principalmente, das reações, como dor de estômago, náusea e vômito.
E quando o paciente começa a se sentir melhor, tende a deixar de tomar os medicamentos, mas os sintomas de melhora não significam cura. O tratamento da doença dura, no mínimo, seis meses.
Saiba mais
O que é
Uma doença causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis. Ela se espalha pelo ar quando as pessoas infectadas tossem ou espirram.
Sintomas
Febre, suores noturnos, tosse por mais de três semanas, produção de catarro, cansaço, dor no peito, falta de apetite, emagrecimento.
Prevenção
Imunizar as crianças com a vacina BCG e evitar aglomerações em ambientes fechados e não utilizar objetos de pessoas contaminadas.
Tratamento
À base de antibióticos e leva, no mínimo, seis meses. Em caso de desistência, é preciso recomeçar o tratamento do início. Em Caxias, os pacientes são tratados e acompanhados pelo Serviço Municipal de Infectologia (SMI). O encaminhamento ocorre por meio das UBSs. O tratamento é gratuito.
Nem todo mundo é infectado
Estima-se que, de cada 10 pessoas que tiveram o contato com a bactéria, uma desenvolverá a doença. Porém, um paciente com a doença é capaz, se não tratado, de infectar com a bactéria 10 a 15 pessoas por ano
Cuidados por cinco anos
Mesmo após receber alta, o paciente precisa ficar atento porque o risco de apresentar a doença novamente é quatro vezes maior em quem já teve tuberculose. Pacientes devem realizar avaliações anuais durante cinco anos.
Campanha pelo fim da doença
No marco do Dia Mundial da Tuberculose, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS) está lançando a campanha "É hora de agir. Fim da TB".
O slogan serve para lembrar que o cumprimento dos compromissos assumidos pelos chefes de Estado em setembro do ano passado, na primeira Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre tuberculose, deve ser acelerado. No encontro, os líderes mundiais concordaram em implementar metas ousadas e medidas urgentes para acabar com a doença.
A estratégia da OMS contra a doença, adotada pela Assembleia Mundial da Saúde em 2014, visa reduzir em 90% as mortes e a incidência da doença (número de novos casos por ano) em 80% até 2030, em comparação com os níveis de 2015. Três metas intermediárias também foram estabelecidas para 2020: reduzir as mortes por tuberculose em 35%, reduzir a taxa de incidência de tuberculose em 20% e garantir que as famílias afetadas pela doença não enfrentem altos custos de tratamento para a doença.
282 mil casos nas Américas
Em 2017, a Organização Mundial da Saúde estimou 282 mil novos casos nas Américas, 11% deles em pessoas com o vírus HIV. Ao todo, 87% dos casos estavam concentrados em 10 países, com Brasil, Colômbia, Haiti, México e Peru relatando dois terços do total de casos e mortes.
De acordo com relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), publicado em setembro de 2018, cerca de 24 mil pessoas morreram em 2017 devido à tuberculose na região, e 6 mil delas foram coinfectadas com o HIV.
500 mortes por dia no mundo
A tuberculose está entre as doenças infecciosas que mais mata no mundo. Conforme dados da OPAS, são 500 vidas perdidas por dia.